Brasil

SP recebe em julho Mundial de Futebol de Rua, onde vence quem tem valores

Delegações ficarão hospedadas em seis Centros de Educação Unificados (CEUs) da capital

postado em 03/06/2014 17:32
Um campeonato de futebol em que nem sempre a equipe que faz mais gols sai vencedora e em que valores como a solidariedade, o cumprimento de regras e a cooperação sempre contam pontos. Este é o Mundial de Futebol de Rua, evento que entra em sua terceira edição e acontece na capital paulista entre os dias 1; e 12 de julho, quase ao mesmo tempo que a Copa do Mundo.

Nesta edição, a primeira sem vinculação com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), cerca de 300 jovens e adolescentes entre 16 e 21 anos, de 24 países, participam do evento. ;No encontro com organizações no Uruguai, em 2012, houve um rompimento com a Fifa ao entender que ela é uma grande violadora de direitos;, disse Rodrigo Medeiros, coordenador de mobilização do Mundial de Futebol de Rua, que ressaltou que o evento não é uma mobilização contra a Copa. ;Não temos um discurso contra a Copa do Mundo, mas queremos pontuar violações de direitos que ocorrem por causa do evento. A Copa do Mundo é um evento para homens adultos e jovens. Onde estão as mulheres e as crianças? Não existem ações pensadas nisso;, acrescentou.

Neste campeonato, as regras são um tanto quanto diferentes de um jogo profissional de futebol. Dois times mistos entram em campo, mas não há um juiz, e sim um mediador. Além disso, há três tempos técnicos: no primeiro, os times e o mediador definem as regras básicas do jogo. No segundo, a bola rola levando em conta as regras que foram definidas anteriormente. O terceiro tempo é dedicado à reflexão, em que os participantes conversam sobre a partida. Também é neste momento em que ocorre um diálogo sobre os valores e a atribuição de pontos. ;Cada regra estabelecida vale um ponto. Inclusive, o time que ganhou leva três pontos e, o time que perdeu, sai com um ponto para não sair derrotado. Há três regras como pilares: respeito, cooperação e solidariedade, fora outras que são criadas a cada jogo. Então, o time que ganha por gols não necessariamente ganha a partida na somatória dos pontos. Não é só o gol que faz a pontuação, mas o cumprimento das regras;, explicou Medeiros.

As delegações ficarão hospedadas em seis Centros de Educação Unificados (CEUs) da capital. As unidades também vão receber atividades culturais e debater com as comunidades do entorno, contribuindo para um intercâmbio cultural. A primeira fase do campeonato acontece entre os dias 1; e 6 de julho, quando acontece o intercâmbio cultural dentro dos CEUs. Entre os dias 7 e 11 de julho, fase em que ocorrem as oitavas e quartas-de-final, os movimentos sociais vão ocupar o Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, para fazer plenárias e assembleias.


;Serão cinco dias de ação no Largo da Batata e de discussões sobre violações de direitos humanos, tais como a questão da criança e do adolescente em grandes eventos, a desapropriação durante a Copa e a higienização das cidades nessa época. O Largo da Batata será uma grande tribuna popular durante os jogos;, disse Medeiros. ;Acontecem dois jogos pela manhã e um à tarde e, no encerramento, um debate. Todos os dias haverá um debate público;, acrescentou. No dia 12 de julho, as partidas semifinais e a grande final serão realizadas entre a Avenida Ipiranga e a Avenida São João, no centro de São Paulo.

;Entendemos que o futebol sozinho não faz a revolução ou a mudança social que a gente espera. Mas é uma ferramenta poderosa para a incidência de políticas públicas, que é o nosso grande objetivo tal como ocupar a cidade e discutir os direitos humanos com a prática do futebol. É um futebol colaborativo;. Informações ou contribuições para o evento podem ser feitas por meio do site http://www.mundialfutebolderua.org/.

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