postado em 04/06/2014 20:12
Na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado amanhã (5), pesquisa nacional sobre consumo consciente, feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), em parceria com o Instituto Ipsos, revela que o desperdício dos recursos naturais, em especial de água, segue sendo uma atitude comum dos brasileiros. A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (4/6) no Rio de Janeiro, ouviu mil entrevistados em 70 cidades brasileiras, incluindo nove regiões metropolitanas. A sondagem é feita todos os anos, desde 2007.Os pesquisadores observaram que hábitos simples e de uso consciente da água, como fechar a torneira ao escovar os dentes, continuam quase iguais aos de 2007, com leve piora. Um em cada dez brasileiros (10,3%) não fecha a torneira durante a escovação. No ano passado, esse percentual atingiu 8,8% e, em 2007, era 9%. ;Se ele não fecha a torneira quando escova os dentes, por extensão, a brasileira não fecha quando retira a maquiagem, ou o homem quando faz a barba;, observou, em entrevista à Agência Brasil, o economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos.
Para ele, o número não é positivo, porque permanece estagnado em uma realidade em que a necessidade de utilização racional do recurso hídrico se tornou muito presente no noticiário. Nesse cenário, a perspectiva era que houvesse uma melhora no indicador. ;Estatisticamente, o fato é que não houve variação significativa;, disse ele.
Travassos destacou que é importante o brasileiro perceber que o desperdício não está só na rua. Está também dentro de casa. Ele chamou a atenção ainda para o fato de os recursos naturais serem limitados, ;e boa parte das vezes [seu gasto] incide sobre o bolso das pessoas;.
O economista salientou que ao mesmo tempo em que as questões ambientais se tornaram mais frequentes hoje em dia, ;principalmente entre os jovens;, integrando inclusive as grades curriculares, os hábitos culturais dos brasileiros permanecem os mesmos em relação à água, cujo abastecimento é muito importante para estados como São Paulo e Rio de Janeiro e outras localidades.
Destacou também que 25% de brasileiros, ou seja, um em cada quatro, varrem ou lavam a calçada com jato d;água de mangueira. ;Isso é preocupante;. Um em cada cinco (20,5%) lavam o carro também com o uso de mangueira. ;É outro caso de desperdício em um momento em que o uso racional da água está em evidência;, acrescentou.
Na avaliação de Travassos, isso sinaliza que as campanhas de economia devem dar maior ênfase ao bolso do consumidor: ;Porque, quando há a questão do preço, é mais fácil a adesão. Se está estagnada há muitos anos em 10%, a proporção dos brasileiros que não fecham a torneira, para a gente trazer essa parcela para fechar a torneira ou não varrer a rua com jato d;água é necessária uma ação no sentido de reduzir a conta;.
Em relação ao lixo, a pesquisa evidencia que existe uma fração aquém do ideal. Christian Travassos destacou que menos da metade dos brasileiros separa o lixo em casa. ;Desde 2007, nunca passamos de 50% na separação do lixo. Ano passado, estávamos com 44% e, este ano, estamos com 48%;. Isso ocorre, segundo o economista, porque quando indagados a respeito do que acontece com o lixo recolhido na rua, 64,6% dos brasileiros asseguram que o lixo é misturado na coleta, sem separação entre o que é material reciclável e lixo orgânico.
;Ele não separa em casa porque acredita que, depois, é tudo misturado. E isso ocorre em um momento em que toda a questão dos resíduos sólidos está em evidência, há necessidade de acabar com os lixões, de ter uma agenda ambiental efetiva, e não apenas no discurso;, e a pesquisa indica a necessidade e importância de se ter coleta seletiva no país, comentou.