Jornal Correio Braziliense

Brasil

Bonecos de Olinda desfilam em Copacabana contra a hepatite C

A doença atinge cerca de 3 milhões de brasileiros %u2013 muitos dos quais nem mesmo sabem da contaminação

Vestidos com as camisas das seleções que participarão da Copa do Mundo, os Bonecos de Olinda, invadiram, na manhã de hoje (8), a Praia de Copacabana, na orla da zona sul do Rio de Janeiro. Eles quiseram chamar a atenção da população para os riscos da hepatite C, doença que atinge cerca de 3 milhões de brasileiros ; muitos dos quais nem mesmo sabem da contaminação.

A campanha ;O futebol contra a hepatite; está sendo lançada neste domingo pela Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) e pelo Fundo Mundial para a Hepatite, com sede em Nova York. O objetivo é tornar o tema uma das causas oficiais de uma das próximas Copas do Mundo.

[SAIBAMAIS];Nosso propósito é ajudar, por meio do futebol, que é a linguagem universal de nossos tempos, a dar a visibilidade de que a doença precisa. Pois, apesar de ser tão abrangente e uma calamidade no mundo [500 milhões de pessoas têm hepatites B e C] ela é silenciosa e silenciada, obscurecida;, alerta Humberto Silva, presidente da ABPH e do Fundo Mundial para a Hepatite.

O desfile começou por volta das 10h, no Forte de Copacabana, e terminou no hotel Copacabana Palace. Um quiosque com enfermeiros foi disponibilizado para oferecer exames gratuitos para detectar a doença: um furo no dedo e, em apenas três minutos, estava pronto o resultado. Os especialistas orientavam aqueles com diagnóstico positivo.

De acordo com a Lei 11.255, de 2005, todo brasileiro tem direito a tratamento da doença, incluindo os remédios, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). ;Apenas 5% dos brasileiros têm conhecimento de ter hepatite, que, por ser uma doença silenciosa, quando se descobre, já é tarde demais. Por isso, a urgência da conscientização e do tratamento rápido;, avaliou Humberto Silva.

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Há seis tipos de hepatite diagnosticadas, mas a maior incidência a doença é a do tipo C, com cerca de 3,2 milhões de brasileiros infectados. No mundo, as estimativas indicam a existência de mais de 500 milhões de pessoas infectadas, das quais apenas 5% têm conhecimento do fato. A hepatite C pode ser passada por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou de objetos que entrem em contato direto com o sangue, como os encontrados em manicures e dentistas, por exemplo.

A doença é mundo comum no mundo do futebol e já vitimou diversos ídolos do esporte. O caso mais recente foi o do jogador Marinho Chagas, que morreu no último dia 1;. O jogador foi ídolo do Botafogo nos anos 70, e morreu em consequência de uma hemorragia decorrente de uma hepatite. O caso mais marcante, no entanto, segundo a ABPH, ocorreu nos anos 70, envolvendo o time do time Sport Club Gaúcho, quando oito dos 11 dos jogadores faleceram em consequência da hepatite. Na época, era comum o uso do energético Glucoenergan, que era injetado diretamente na veia do atleta. ;Com a troca da agulha, mas o uso da mesma seringa, a contaminação foi inevitável;, informa a associação.