Brasil

Jornalistas do Rio irão à Justiça em busca de proteção contra polícia

Presidenta do sindicato, Paula Máiran, disse que não vê a prisão como um ato isolado ou um desvio pontual de conduta.

postado em 16/06/2014 14:45
O Sindicato dos Jornalistas do Rio se reúne nesta segunda-feira (16/6) com um advogado para analisar que medida deverá ser tomada pela entidade após a prisão da jornalista Vera Araújo, do jornal O Globo, quando tentava filmar um torcedor detido por policiais militares por estar urinando na rua. A presidenta do sindicato, Paula Máiran, disse que não vê a prisão como um ato isolado ou um desvio pontual de conduta. ;A gente entende que há uma política de estado que justifica um relatório nosso;, disse.

Ela argumentou que de maio do ano passado até maio último, dos 72 jornalistas que respondem por mais de 100 casos de agressão sofridos pela categoria no Rio, ;cerca de 80% são de responsabilidade de policiais militares;. Paula Máiran explicou que embora Vera Araújo conte com o apoio da empresa para a qual trabalha, o sindicato pretende tomar uma medida de interesse coletivo, visando a obter prevenção jurídica para esse tipo de episódio.

A sindicalista lembrou que as autoridades foram notificadas em abril deste ano, por ocasião de episódio similar, quando outro jornalista do jornal O Globo, Bruno Amorim, foi detido por policiais militares quando fazia fotos da ação policial na desocupação da Favela da Oi, no Engenho Novo. ;A gente tinha encaminhado um ofício e aí, infelizmente, um fato semelhante se repete;. O sindicato não recebeu resposta ao ofício encaminhado às autoridades no caso de Bruno Amorim. Recebeu apenas notificação da 25; Delegacia Policial, relacionada ao inquérito. ;Mas nenhuma resposta formal ao ofício;, disse.

Paula lembrou que uma conquista obtida pelos jornalistas na semana passada foi a recomendação do Ministério Público do Trabalho com 16 itens relacionados à segurança dos profissionais ;que precisam ser observadas pelas empresas;. ;A gente vê, por um episódio como esse da Vera Araújo, que a responsabilidade não cabe só às empresas. Há também uma parcela muito importante que é do Estado;, destacou a presidenta.



Ela avaliou que a punição do policial militar identificado como sargento Edmundo Faria, ;que fez o ato de cerceamento contra Vera Araújo;, não é suficiente. ;A gente entende que a violência não foi só prender e ferir, foi também torturar. Porque circular com ela de carro, durante algumas horas antes de levar para a delegacia, infere em tortura psicológica. A punição do indivíduo não basta. Os fatos e as estatísticas comprovam que isso não resolve a questão;. Segundo Paula Máiran, é preciso trabalhar o modelo de segurança pública ;que tem jornalistas como alvo específico de perseguição;.

De acordo com relato da jornalista Vera Araújo ao jornal O Globo, durante o percurso até a delegacia, seu celular foi tomado pelo sargento Faria, quando ela tentava fazer contato com o jornal e com representantes da Polícia Militar para explicar o mal entendido. Faria decidiu, então, parar o veículo e algemá-la. ;Ele apertou tanto que os meus pulsos estão machucados;, relatou Vera ao jornal. Na delegacia, acompanhada por um advogado, a jornalista registrou o caso como abuso de autoridade. Após ser liberada do trabalho nesta segunda-feira, ela não foi encontrada pela Agência Brasil para comentar o caso.

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