Brasil

Documentário mostra vida de meninas exploradas sexualmente no Brasil

De acordo com a ONG 27 Brasil, a maioria dos 27 milhões de escravizados no mundo, é crianças ou jovens

Agência France-Presse
postado em 26/06/2014 13:39
;Se a esmola é demais, o santo desconfia; é a frase de alerta em campanha da organização não governamental (ONG) contra o tráfico de pessoas 27 Brasil. Para mostrar a realidade das vítimas nas cidades-sedes da Copa do Mundo, a ONG produziu o documentário R$ 1 ; O Outro Lado da Moeda, com depoimentos de mulheres e meninas enganadas por falsas promessas. De acordo com a organização, a maioria dos 27 milhões de escravizados no mundo, é crianças ou jovens.

;O tráfico de pessoas tem várias faces, mas na questão sexual, o início da cadeia é a exploração sexual de crianças e adolescentes;, disse a diretora-executiva da 27 Brasil, Tatiane Rapini. ;Há casos em que o pai vende a própria filha ou a menina é enganada com falsas promessas, como a de que vai ser modelo;, completou. Pessoas também podem ser traficadas para o trabalho forçado e para a retirada de órgãos, atividades que movimentam US$ 32 bilhões por ano.

A falta de informação sobre a exploração de crianças e adolescentes, que é crime hediondo, aumenta a vulnerabilidade de vítimas. Somadas a falta de acesso a políticas públicas, faz com que ;acreditem que podem melhorar de vida;. No Brasil, a maioria das vezes, as meninas acabam traficadas para outras regiões do país, não necessariamente para o exterior. O fluxo é maior do Norte e Nordeste para o Sudeste, mas há também do Sul para o Norte.

;Manaus tem um histórico de muitas questões [de exploração], inclusive, nas populações ribeirinhas. Nossas organizações parceiras lá, reportam casos de meninas indígenas que sofrem, são levadas e vendidas, é complicado;, acrescenta Tatiane. Em entrevista à Agência Brasil, a liderança Maria Alice da Silva Paulino, da etnia Karapãnam confirmou o problema nas aldeias.



Com a exibição do R$ 1 ; O Outro Lado da Moeda em áreas públicas, a 27 Brasil quer alertas as possíveis vítimas e estimular a sociedade a denunciar às polícias, ao Conselho Tutelar ou ao Disque 100. A entidade indica que são os próprios brasileiros o público-alvo da exploração. ;É duro dizer isso, mas quem procura essas meninas menores de idade são homens casados, atrás de uma aventura. Ou seja, pessoas normais;, esclareceu Tatiane.

O documentário faz referência a meninas que acabaram exploradas sexualmente por apenas R$ 1, por um pacote de biscoito ou por ofertas como a de uma casa. Já foi exibido em Brasília, no Lixão da Estrutural, em Belo Horizonte, na Fifa Fan Fest e segue em direção à Fortaleza. Chega na cidade-sede da final do campeonato, o Rio, em 11 de julho.

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