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Viadutos do complexo da Avenida Pedro I, em BH, passarão por vistoria

A medida abrange o local onde desabamento causou a morte de duas pessoas. Secretário admite falha na fiscalização

Estado de Minas
postado em 05/07/2014 10:03

Peritos trabalharam ontem na alça do Viaduto Batalha dos Guararapes que desabou na quinta-feira, ao lado da outra, que se manteve erguida e também está em obras

Mesmo depois de liberados ao trânsito ou em fase final de obras, cinco viadutos construídos na Avenida Pedro I, que integram o plano de mobilidade para a Copa do Mundo, passarão por novas vistorias, informou ontem o secretário municipal de Obras e che fe da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), José Lauro Nogueira Terror. A alça Norte do Viaduto Batalha dos Guararapes também será periciada. Esse braço do elevado se manteve erguido após a queda do outro lado da estrutura em formato de Y quinta-feira. Terror admitiu que ocorreu falha na fiscalização da obra: ;Entendemos que sim, houve um erro;. Já o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Frederico Lima, informou que um dos três pilares de sustentação da alça que desabou afundou seis metros. A estrutura caiu exatamente em cima desse pilar, que é sustentado por 10 estacas de concreto.

O desabamento aconteceu às 15h05. Um micro-ônibus, um carro de passeio e dois caminhões foram atingidos pelo viaduto. Duas pessoas morreram no local e 23 ficaram feridas. A Polícia Civil e o Ministério Púbico estadual investigam as causas da queda a partir do levantamento de dados periciais no local e de informações de vítimas e testemunhas.

As vistorias no complexo da Pedro I são uma resposta à população, segundo o secretário: ;A prefeitura, objetivamente, conduzirá exames adicionais, com base naqueles já executados, procurando garantir que exista, para a opinião pública, a satisfação merecida nessa questão;, afirmou.



Terror disse que houve falha na fiscalização e que a prefeitura compartilha a responsabilidade do acidente, sem adiantar possíveis causas do desmoronamento. ;É uma questão de responsabilidade solidária, tem o concurso da prefeitura e da Sudecap, especialmente nos serviços de fiscalização, que são complexos;, disse.
A medida abrange o local onde desabamento causou a morte de duas pessoas. Secretário admite falha na fiscalização
Embora admita erro na fiscalização, o secretário disse que a prefeitura sempre manteve pessoal próprio ligado às obras. Essa informação, segundo ele, pode ser observada nos diários de obra, que são registros formais de todos os eventos ligados à construção. E reforçou que não faltaram funcionários ;habilitados e competentes; para acompanhar o andamento. Mesmo assim, ele informou que será investigado em que circunstância ocorreram falhas.

O secretário negou que as escoras do viaduto tenham sido retiradas antes do prazo necessário. Garantiu que a remoção das estacas obedeceu à maturação do concreto e todos os quesitos de segurança, além de não poder ter sido feita à noite, com isolamento do tráfego, e em um só dia, por ser uma estrutura muito grande e que demanda semanas para ser retirada. ;A prefeitura é obrigada a cumprir prazos de contratos de financiamento, com compromissos legais de uma licitação pública. Porém, em nenhum momento, nenhuma dessas questões se superpôs à segurança e aos bons princípios da engenharia;, disse.

Pressa é escartada

José Lauro Terror rebateu a avaliação de especialistas que apontam falhas estruturais na construção do viaduto, como afundamento dos pilares de sustentação. Ele disse que não houve pressa para entregar a obra e que todo o cronograma de aprovação do empreendimento, ;principalmente considerando uma estrutura elevada e de grande peso, é muito detalhado;, referindo-se aos ensaios feitos desde as fases iniciais até ao testes para liberação do tráfego. ;Nenhum exame, teste, ensaio técnico, nenhuma medida preventiva, verificação de elementos técnicos, de cálculo, de planilha, etc. deixou de ser feita em todas as obras;, garantiu.

A construção do viaduto que desabou não estava prevista para ser entregue antes da Copa e a inauguração estava marcada para agosto, segundo ele. O elevado, que intrega o sistema BRT/Move na Pedro I, deveria ter sido entregue em fevereiro de 2013, de acordo com a licitação da obra. Mas esbarrou nas desapropriações que precisariam ser feitas ao longo da via, algumas inclusive resolvidas por via judicial. A obra chegou a ser questionada pelo Tribunal de Contas do Estado por suspeita de superfaturamento de R$ 6 milhões. Mas, segundo Terror, as análises estão em curso e o município tomará todas as medidas de ordem técnica, procedimental e disciplinar para correção do que foi apontado.

Na Pedro I, o dia de ontem foi de análises e levantamento de informações que vão subsidiar as perícias técnicas sobre as causas do acidente. O local permanece interditado, à disposição da Defesa Civil Municipal e da Polícia Civil. Além destes órgãos, especialistas contratados pela prefeitura e peritos de outras entidades trabalham na identificação das causas do problema. Assim que o local for liberado, será feita a demolição, que será mecânica, com duração de 24 horas, e feita por máquinas que já estão no local, segundo o secretário.

A dois dias do jogo da Seleção Brasileira contra a Alemanha no Mineirão, o secretário afirmou que turistas que vierem a Belo Horizonte não vão encontrar problemas de segurança nem de trânsito, embora o tráfego esteja sendo desviado na Pedro I, o principal acesso entre o Mineirão e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH.

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