Brasil

Especialistas apontam falta de unidades para transplante de medula óssea

São apenas 40 leitos, distribuídos em quatro capitais do país, para realização do procedimento alogênico, quando as células vêm de doador, e não do próprio paciente. Para atender a demanda atual, capacidade teria de dobrar, alertam especialistas

Daniela Garcia
postado em 06/07/2014 06:00
Ronaldo Frota se surpreendeu ao descobrir que o Distrito Federal não fazia o transplante do qual ele precisava. Teve de se deslocar a São Paulo

Quando o tratamento indicado é um transplante de medula óssea, o paciente dá início a uma corrida para encontrar um doador compatível. A projeção é de que apenas uma a cada 100 mil pessoas ache um doador ideal do tecido, segundo estatísticas do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). Mas há quem, como o brasiliense Ronaldo Frota, de 33 anos, surpreenda as probabilidades. Diagnosticado com um tipo raro de leucemia, Ronaldo tem dois irmãos mais velhos. Tanto Ronan, de 37 anos, quanto Renata, de 36 anos, poderiam doar o tecido. ;Esse é um menino de sorte;, diz a irmã. No entanto, eles foram surpreendidos ao saber que Ronaldo não poderia fazer o procedimento em Brasília.

O caso dele é revelador. A realidade de Ronaldo se repete na maior parte dos municípios brasileiros, seja capital, seja interior. Especialistas afirmam que, maior que a dificuldade de encontrar um doador compatível, é o número reduzido de centros habilitados para o procedimento de transplante alogênico ; quando as células transplantadas são de um doador, que pode ser irmão ou alguém não aparentado, mas geneticamente semelhante. Esse tipo de procedimento é feito apenas no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Paraná. ;Como é que pode a capital do país não ter um hospital que faça transplante de medula?;, questiona Renata. Ronaldo só pode fazer o tratamento inicial no DF. A quimioterapia e o transplante foram realizados no Instituto Brasileiro do Controle do Câncer (IBCC), na capital paulista.



Para suprir toda a demanda existente no país, a capacidade física de atendimento teria que dobrar. A constatação é da presidente da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), Lúcia Silla. ;Precisamos de mais leitos com bastante urgência. Os procedimentos mais complexos, como o de não aparentado, deveria ser feito em alguns locais de referência. Certamente, não dá para pulverizar devido à complexidade do procedimento. É um tratamento muito sofisticado, caro, difícil, que requer uma infraestrutura enorme do hospital. Mas é preciso ter mais centros para diminuir o deslocamento;, opina.

No total, existem cerca de 40 leitos para essa modalidade em todo o país. O transplante não aparentado exige acomodações específicas e internação de pelo menos 40 dias depois do procedimento. Além disso, cada paciente necessita de acompanhamento multidisciplinar, envolvendo nutricionista, enfermeiros e médicos especializados, psicólogos, assistentes sociais ; no caso dos pacientes que precisam deixar suas cidades.

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