postado em 10/07/2014 06:00
Problemas recentes de distribuição do remédio para tratar a tuberculose, um composto de quatro antibióticos que só é fornecido pela rede pública de saúde, tornam cada vez mais urgente que o Brasil tenha produção independente do medicamento. Segundo Carlos Brasília, coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), houve registros de desabastecimento da droga em São Paulo. Isso ocorre três meses depois de os municípios do Rio de Janeiro e de Petrolina (PE) terem passado por situação semelhante. Basília afirma também que um dos testes usados para fazer o diagnóstico da doença está em falta.
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Dráurio Barreira, esclarece que, em março, um lote do medicamento distribuído pelo governo federal próximo do prazo da validade, com o aviso sobre a necessidade de ser distribuído rapidamente, enfrentou lentidão para chegar a algumas unidades de saúde do Rio e de Petrolina. Sobre São Paulo, ele diz que houve uma ;ameaça de desabastecimento;, sem registro de falta de remédio. Barreira considera importante, entretanto, que o Brasil produza a droga. ;A rifampicina é um antibiótico que precisa ser fabricado em condições especiais, em um local exclusivo. Nosso desafio é esse;, afirma.
Sobre a produção interna do medicamento, de acordo com Barreira, a tecnologia e os insumos não são o problema. O que falta é encontrar um local exclusivo para processar a rifampicina, um dos ingredientes da droga, crucial no tratamento de 80 mil pacientes. Segundo ele, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fiocruz, vem tentando fazer uma parceria com o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército ou com outra instituição pública do setor para fabricar a rifampicina. Até dois anos atrás, o principal empecilho para produzir o composto usado contra a tuberculose no Brasil era uma resolução da Anvisa que proibia a junção de quatro drogas em uma mesma apresentação. Devido à necessidade de se fazer o remédio para a doença, essa regra caiu.
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