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Famílias retiradas de prédio no centro de SP vão para outras ocupações

A retirada estava prevista para ocorrer, inicialmente, no dia 28 de maio, mas foi adiada por 45 dias

postado em 15/07/2014 11:05
As famílias que estão sendo retiradas de um prédio na Rua Santa Ifigênia, no centro da capital paulista, serão realocadas para outras ocupações também na região central, informou o movimento Luta por Moradia Digna (LMD). No local, a reintegração de posse, que ocorre desde as 7h é acompanhada por policiais militares. Não foi registrado confronto. Pelo menos sete caminhões foram disponibilizados para a retirada dos pertences dos moradores, que chegaram ao prédio há cerca de seis meses.

De acordo com Cristiane Mendes, uma das coordenadoras do grupo, o edifício de 12 andares está abandonado há pelo menos 15 anos. ;Estão tirando a gente daqui e mudando o problema de lugar. É isso que acontece sempre, já estamos acostumados. A luta continua;, declarou. Segundo ela 215 famílias moram no lugar. ;Aqui tem muita criança, são 78;, complementou. A Secretaria de Segurança Pública informou que, no local, há 282 moradores.

[SAIBAMAIS]A ordem judicial para a desocupação foi expedida pelo juiz Sergio da Costa Leite, da 33; Vara Cível do Foro Central, a pedido da Savoy Imobiliária e Construtora, dona do imóvel. A retirada estava prevista para ocorrer, inicialmente, no dia 28 de maio, mas foi adiada por 45 dias. Procurada pela Agência Brasil, a empresa não se pronunciou até a publicação da matéria.

A auxiliar de limpeza Ana Rosemari de Araújo, 49 anos, estava no prédio há quatro meses. ;Nunca morei em ocupação. Vim por necessidade mesmo;, declarou. Há dois dias, ela teve que deixar a ocupação por ter discutido com um dos coordenadores. ;Agora tive que voltar para pegar as minhas coisas e o meu marido, que tinha ficado aí. Acho que vou para a casa da minha filha em Perus;, relatou. Ela disse que contribui com R$ 150 por mês. A coordenadora da LMD destacou que esse valor depende do espaço ocupado pela família e que os recursos são para pagar advogados.



A mãe de um dos moradores, Dilma Silva, 58 anos, chegou nervosa ao local. ;Vi que estavam desocupando e fiquei preocupada com o meu filho. Ele está aí com a mulher e dois filhos;, declarou. Ela explica que o filho é catador e mal consegue alimentar a família. ;Todo dia trago o café e o almoço. Ele só come quando consegue algum dinheiro na rua, catando;, relatou. Após conseguir autorização para entrar no prédio, ela conferiu que a família estava bem.

A Polícia Militar e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) interditaram uma quadra da Rua Santa Ifigênia entre a Rua Cásper Líbero e a Avenida Ipiranga. Conhecida pelo comércio de itens eletrônicos, muitos lojistas e funcionários tiveram que esperar de fora do bloqueio. O comerciante Eder Leal, proprietário de uma loja de videogames, aguardava, por volta das 9h30, para saber se poderia iniciar o expediente. ;Se durar o dia todo, vai ser um dia de prejuízo;, disse. Por volta das 10h30, mais um trecho da rua foi liberado, mas a maior parte do comércio permaneceu fechada.

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