postado em 21/07/2014 21:25
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) poderá entrar com um mandado de condução coercitiva na Polícia Federal para ouvir o depoimento agentes da repressão, caso os convocados não compareçam. Membros da comissão estiveram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no final da tarde de hoje (21), em Brasília, para se certificarem de qual será o procedimento nesses casos. Os primeiros quatro militares dos 16 convocados foram ouvidos hoje pela CNV, em Brasília.;Viemos de maneira preventiva conversar com o ministro e ficamos satisfeitos com o diálogo. Ele recordou a nós que tem esse entendimento [da aplicação da condução coercitiva];, disse o coordenador da CNV, Pedro Dallari. Desta forma, a comissão utilizará esse artifício caso algum convocado não compareça para depoimento e nem apresente justificativa. ;Mas quero manifestar minha convicção de que isto não será necessário. Seria quase que vexatória a ausência sem qualquer justificativa apenas para não ajudar a Comissão Nacional da Verdade;, completou.
Dos militares ouvidos hoje, um deles disse que a Casa Azul, base militar localizada em Marabá, no Pará, foi utilizada como local de interrogatório de presos durante a ditadura militar.
;A informação que ele nos deu é que na Casa Azul de Marabá havia interrogatório de pessoas presas e essa é uma informação que se soma a outras que já temos para confirmar realmente o local como um dos principais centros de tortura e graves violações de direitos humanos nesse período;, disse Dallari. Ele, no entanto, não revelou qual dos depoentes deu essa informação.
A Casa Azul foi implantada de 1972 a 1973 para reprimir as ações dos militantes da Guerrilha do Araguaia. No local, pelo menos 22 militantes do PCdoB e dois camponeses foram mortos. No local, atualmente funciona o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Foram ouvidos hoje os militares Deoclécio Paulo, que foi adido militar no Chile, além de Gerci Firmino da Silva, Jamiro Francisco de Paula e Eudantes Rodrigues de Faria, os três últimos envolvidos na Operação Sucuri, que infiltrou agentes na área ocupada pela Guerrilha do Araguaia. O outro convocado do dia, Bolívar Mazón, também integrante da Operação Sucuri, não compareceu à CNV alegando problemas de saúde.
Uma nova data e local serão marcados para que Mazón possa depor à comissão. Esse será o procedimento com todas as ausências justificadas. Não está afastada a possibilidade de colher o depoimento em local mais apropriado ao convocado, como um estabelecimento de saúde, por exemplo. Além dos 16 depoimentos previstos para esta semana, em Brasília, mais 25 estão marcados para semana que vem, no Rio de Janeiro.