postado em 24/07/2014 02:05
Os dados do PNUD mostram que o Brasil conseguiu avançar em termos de igualdade de gênero. O Índice de Desenvolvimento de Gênero ficou em 0,441 levando o Brasil a ocupar a 85; posição entre 149 países, a frente de Colômbia e atrás de México. No relatório, o PNUD afirma que uma maior igualdade entre homens e mulheres está associado a um melhor desenvolvimento. Embora o Brasil tenha avançado nesse aspecto, ainda há desafio pela frente.
Na avaliação de Jorge Chediek, coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante-residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil precisa avançar no ponto da participação feminina na política. "Os indicadores de participação política que poderiam ser bem melhores. Temos uma presidenta mulher, o que é extraordinário, mas a participação a cargos eletivos, como prefeito, governador é menor do que gostaríamos que fosse, e do que é em outros países", avaliou.
A média de presença feminina nos parlamentos no mundo gira em 22%, segundo dados do Inter-Parliamentary Union (IPU), enquanto no Brasil, ela é inferior a 10%. Na América Latina, por exemplo, apenas o Haiti e Panamá têm menos mulheres nos órgãos equivalentes à Câmara dos Deputados do que o Brasil.
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Fora do aspecto político, entretanto, Chediek, valoriza no Brasil as políticas voltadas às mulheres. ;Em termos de outras dimensões de gênero, reconhecemos como muito positivo o fato de muitos dos programas sociais brasileiros estarem dirigidos a mulheres (...) Ajudam o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, então estamos com uma tendência de melhoria dos indicadores de empoderamento econômico;, diz.
Maria de Lurdes, 31 anos, é um exemplo de empoderamento feminino. Ela começou como repositora em uma rede de supermercados, passou por ajudante de manutenção, assistente de almoxarifado, caixa, e após oito anos, tornou-se gerente de uma das unidades. Durante o período que esteve no cargo de chefia, ouviu por trás das gôndolas funcionários dizendo: ;Como ela chegou aí? Deve ter um caso com alguém;. Teve que se acostumar com as provocações. ;Parece que liderar não é tarefa de uma mulher negra;, pontua.
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Saiu do emprego após trabalhar pelo terceiro domingo de páscoa seguido. ;Não tinha tempo para cuidar das minhas filhas, não era vida;. Hoje, é gerente de uma loja de bijuterias na Rodoviária de Brasília, onde tem quatro funcionárias sob sua responsabilidade. Diz que o principal fator para continuar no atual emprego é a flexibilidade de horários, mas que é mais fácil para uma mulher liderar uma loja de artigos femininos. ;No supermercado eu era questionada, como se não tivesse preparo para dar ordens. Diminuiu, mas ainda existe muito preconceito;, disse, enquanto encarava uma atendente que falava ao celular durante o serviço.