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Rio: Feira da Reforma Agrária leva alimentos saudáveis do campo para cidade

Entre os produtos à venda estão doces em compota, conservas de pimenta, mel, fitoterápicos, ervas medicinais, frutas e folhosas

postado em 24/07/2014 17:28
A 5ª Feira Estadual da Reforma Agrária fica aberta até sexta-feira no Rio
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promove a partir desta quinta-feira (24/7) a 5; Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Largo da Carioca, centro da capital fluminense. O objetivo é mostrar ao consumidor o que é produzido nas áreas de assentamento e de agricultura camponesa do Rio, como alimentos sem agrotóxicos e conservantes e cosméticos à base de plantas. A feira pode ser visitada até amanhã (25), das 8h às 18h. São disponibilizadas para venda de 10 toneladas de alimentos, produzidos por cerca de 100 agricultores. A feira, que era realizada uma vez por ano, será ampliada para duas vezes ao ano. A próxima edição será em dezembro.

Entre os produtos à venda estão doces em compota, conservas de pimenta, mel, fitoterápicos, ervas medicinais, frutas e folhosas. "A principal diferença é o modo de produzir. Aqui a maioria dos produtos não tem conservante, contaminante, agrotóxico. Os produtos aqui são muito mais saudáveis do que a gente encontra por aí. O método de agricultura que o modelo econômico brasileiro aposta é o da monocultura, é o agronegócio, que visa à mercadoria e não o produto", disse o dirigente do MST do Rio de Janeiro, Marcelo Durão.



Para ele, é necessário haver uma maior divulgação dos produtos da agricultura familiar. "Falta uma compreensão, uma assimilação maior, por parte da sociedade, da importância da reforma agrária. Acho que é importante a divulgação da produção agrícola que existe no Rio de Janeiro. É necessário comunicar mais, expor mais o que está acontecendo e onde está acontecendo essa produção." Segundo Durão, há muitos municípios fluminenses onde esse tipo de produção tem espaço. "Se você sair da região metropolitana, começa a ver produção, nem que seja apenas para consumo próprio da família. Se você for a Campo Grande, Santa Cruz, Duque de Caxias, encontra áreas grandes de produção. Em Niterói e em Itaboraí, você também encontra." A feira também reúne camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores e da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro.

Para a agricultora de Barra do Piraí, no Médio Paraíba, Maria das Graças, a feira ajuda a mostrar o trabalho dos pequenos produtores rurais. "É importante para a gente mostrar às pessoas da cidade grande o trabalho que é feito pelo pequeno agricultor. O agricultor da reforma agrária é diferente do da agricultura mecanizada. Isso aqui é a agricultura que busca os costumes que estão sendo perdidos para a agricultura mecanizada, do agronegócio, que só explora a terra", disse. "Os produtos que a gente produz vocês não encontram nos supermercados. Se você comprar uma abóbora no supermercados e pegar uma abóbora daqui e abrir, vai perceber a diferença. É totalmente diferente. A cor, a textura, quando você cozinha, vê a diferença no sabor. É tudo diferente", acrescentou.

A feirante Leodicéia de Lima Sales, de 54 anos, contou que, com a sobra da lavoura, consegue fazer pães, frutas cristalizadas, farinhas, doces, entre outros. "Temos um doce feito com a casca da banana sem açúcar. Ele é totalmente dietético, qualquer pessoa pode comer. Eu planto com meu filho e a gente mesmo comercializa. Vendo quase toda a minha produção na porta, porque as pessoas vão lá e, quando sabem que é um produto orgânico, elas compram."

Produtos fitoterápicos também são encontrados na feira da reforma agrária. A partir de diversas plantas medicinais são produzidos remédios para dor de cabeça e cólica menstrual, por exemplo. Também são produzidos gel para massagem, pomadas e sabonete para limpeza de pele. A assentada do Setor de Saúde do MST Júlia Farias, de 52 anos, explicou como é feito o processo para se chegar ao produto final. "Nós fazemos desde a coleta das ervas, a secagem, até a produção final. Somos de vários lugares, mas a gente tem um grupo com em torno de 15 mulheres que se reúne para fabricar os produtos. A gente não tem espaço físico. As nossas casas ainda são de lona, de barro, então a gente vem fabricar esses produtos no Rio."

A professora aposentada Fátima Oliveira, de 51 anos, que passava pelo Largo da Carioca e decidiu visitar a feira, disse que os produtos orgânicos são uma ótima opção. "Eu passei por aqui, vi a feira e me interessei. Estava precisando comprar temperos e aí eu vi produtos orgânicos, que são uma ótima opção porque não levam agrotóxico. Eu gostei muito da feira, sou de Niterói e, se tivesse uma feirinha dessas lá, seria ótimo, uma opção boa. Os produtos são bem fresquinhos, eu comprei temperos, um pãozinho e verduras."

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