Fellipe Torres
postado em 25/07/2014 08:55
Recife ; Partiu sem causar desespero ou inconformismo. Houve, sim, lágrima enxuta na manga da camisa, voz embargada durante a homenagem de improviso. Mas a serenidade prevaleceu no velório do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, ontem, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, na área central do Recife. ;Com essa passagem bonita;, frisava a filha Ana Rita, ;o céu está em festa;. Conversas entre amigos, parceiros e admiradores relembravam histórias impagáveis do ;palhaço misturado com filósofo;, como definiu o cineasta Luiz Fernando Carvalho.
Era dia de jogo do Sport Club do Recife, o clube do coração, cuja bandeira pousava solenemente sobre o caixão, ao lado das do Brasil, de Pernambuco e da UFPE, onde atuou como professor de estética. Alguns familiares vestiam o uniforme rubro-negro, assim como dezenas de pessoas do lado de fora do prédio. Torcedores do Leão e admiradores de Ariano pediam dois gols em vez de o tradicional minuto de silêncio. Também se viam camisetas com temas armoriais, estampas alusivas à homenagem feita pelo Galo da Madrugada ao escritor, vestimentas da quadrilha junina Zé Matuto, de São Lourenço da Mata, vencedora de concurso de dança com tributo à obra de Suassuna.
;Todo o Brasil fica mais triste, mais pobre. Perdemos um grande escritor, pensador, humanista, professor;, lamentava o diretor de televisão Guel Arraes. A fila andava vagarosamente, como quem acompanha procissão. A última espiada no protagonista das já saudosas aulas-espetáculo vinha junto a acenos de cabeça e expressões de angústia. Alguns ficavam no limbo: não eram nem completos desconhecidos, nem próximos o suficiente para permanecerem no espaço reservado à família.
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