postado em 26/07/2014 09:27
A Polícia Civil confirmou nessa sexta-feira que a alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, caiu porque um bloco de fundação se rompeu, fazendo o pilar afundar e levar junto duas das 10 estacas sob essa estrutura. Essa é a única conclusão da perícia criminal até agora, segundo o delegado Hugo e Silva, que investiga o caso, e o perito Marco Antônio Paiva, da Seção Técnica de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística. A constatação parcial corresponde a uma parte do laudo encomendado pela Construtora Cowan, responsável pela obra, que atribui o desabamento a erros de cálculo do projeto executivo, feito pela Consol Engenheiros Consultores. Mas a polícia diz que esse parecer não será usado na investigação. A causa do incidente será apontada pela perícia oficial, que ainda não tem data de conclusão.A investigação trabalha com duas hipóteses para a queda. ;Pode ter ocorrido por erros de cálculo do projeto executivo ou por falha da construtora, ao pôr uma carga excessiva na cabeça do pilar que afundou. Algo pode ter produzido um efeito abrupto sobre o pilar, que acolheu excesso de carga;, afirmou o perito. O projeto da obra está sendo refeito pela investigação. Segundo o perito, essa medida não foi motivada pelo laudo apresentado pela Cowan, que será desconsiderado na conclusão da perícia.
;Devemos manter a isenção. Não fizemos uma análise detalhada desse material, até para não interferir em nossa análise. É uma prova produzida por uma das partes, não podemos nos deixar levar por ela;, ressaltou.
O laudo da Cowan afirma que o bloco que caiu foi projetado como rígido, o que fez a quantidade de aço calculada para sua composição ser inferior ao ideal. A construtora alega que o bloco deveria ter sido flexível, o que exigiria mais ferragens para evitar que a estrutura se flexionasse, torcesse ou rompesse sob o peso do pilar. Paiva confirma que o bloco foi concebido como rígido, mas, por enquanto, não tem condições de avaliar se essa foi uma escolha errada.
As circunstâncias do desabamento serão reveladas apenas quando a área onde está o pilar afundado for escavada, de acordo com o perito. Antes, é preciso retirar os escombros. ;A área deverá ficar liberada para nós até terça ou quarta-feira;, disse.
A escavação será feita pela Cowan, sob orientação da polícia, informou Paiva. A ideia é fazer uma cova em forma aproximada de cilindro, com 3,5 metros de profundidade, considerando que o bloco tem 2 metros de altura. O buraco deve ter cerca de 3 metros em volta da estrutura, avalia Paiva. ;Faremos as prospecções necessárias, para saber se o projeto foi executado com fidelidade. Temos que escavar até as cabeças das estacas;, disse. O bloco será inteiramente quebrado pela construtora, para que se inspecione seu interior. ;Esse trabalho terá que ser feito quase manualmente, para que vejamos as tramas de ferragem, o modo como a estrutura está fixada nas estacas. Antes das prospecções, qualquer conclusão é prematura;, aponta.