Agência France-Presse
postado em 28/07/2014 16:38
Gaza - A Faixa de Gaza e o sul de Israel registravam uma dramática escalada da violência na noite desta segunda-feira (28/7) depois da morte de crianças palestinas e de soldados de Israel, aniquilando qualquer esperança de trégua rápida, no primeiro dia da festa pelo fim do Ramadã.
"Em nome da Humanidade, a violência deve parar", pediu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, enquanto os principais líderes ocidentais, incluindo Barack Obama, afirmaram seu compromisso de aumentar a pressão por um cessar-fogo neste conflito que começou no dia 8 de julho.
O presidente americano havia feito um apelo na véspera ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por uma trégua "imediata e incondicional", mas o premiê alertou nesta segunda para "uma longa campanha" militar contra o enclave palestino controlado pelo movimento Hamas.
Nesta segunda-feira, a imprensa israelense chegou a registrar a morte de quatro pessoas no kibutz Be;eri, perto da fronteira, atingidas por um ataque feito a partir de Gaza. Mas, pouco depois, o Exército indicou que as vítimas eram soldados em operação na região de Eshkol, onde fica o kibutz.
Outras oito pessoas ficaram feridas nesse ataque, reivindicado pelo Hamas. No início da noite, cinco combatentes palestinos, que tinham se infiltrado no sul de Israel, foram mortos nas imediações do kibutz de Nahal Oz, perto da fronteira, anunciou à AFP uma fonte da segurança israelense. O Hamas reivindicou a autoria de uma operação na área afirmando ter matado "mais de dez soldados".
Em Gaza, oito crianças e dois adultos morreram no campo de refugiados de Shatti. Os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade por mais um ataque sangrento. O mesmo acontece por uma explosão no hospital Shifa, o maior do enclave palestino, que vinha sendo poupado da violência. Ninguém ficou ferido.
Cinco pessoas, entre elas três crianças, morreram atingidas por disparos de artilharia que destruíram uma casa em Jabaliya (norte), de acordo com o porta-voz dos serviços de emergência, Ashraf al-Qudra. Antes, uma outra criança, de quatro anos, já tinha morrido atingida por um disparo de tanque na mesma cidade. Além disso, outro palestino perdeu a vida no centro do enclave e outros quatro, em Khan Yunis (sul).
"Longa campanha"
Não há uma solução à vista para esta onda de violência iniciada depois que Israel resolveu acabar com a capacidade militar do Hamas e acabar com os disparos de foguetes contra a sua população. Em um discurso transmitido pela televisão nesta segunda, Benjamin Netanyahu pediu a seus compatriotas que se preparem para "uma longa campanha". E o Exército israelense instruiu os habitantes de bairros na periferia da Cidade de Gaza a deixarem suas casas e se dirigirem para o centro da cidade, o que permite prever novos bombardeios.
A calmaria de domingo não durou muito. Com a retomada das hostilidades a celebração do Fitr, que marca o fim do Ramadã, deve ser trágica para os 1,8 milhão de habitantes de Gaza. "É o Eid de sangue", resume Abir Chamali, passando a mão sobre a terra que acabava de ser depositada sobre o corpo de seu filho de 16 anos, morto na quinta-feira perto da Cidade de Gaza. "O ocupante (israelense) ainda recusa qualquer cessar-fogo humanitário para o Eid. É uma negação das crenças dos muçulmanos e de seu culto", denunciou o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri.
Em três semanas, de acordo com os serviços de emergência locais, a ofensiva israelense deixou cerca de 1.060 mortos palestinos -- mais de 70% civis, segundo a ONU -- e por volta de 6.200 feridos na Faixa de Gaza. Do lado israelense, 48 soldados e três civis morreram.
Em Nova York, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU, reunidos com urgência, haviam manifestado em uma declaração unânime seu "forte apoio a um cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" exigido por Barack Obama.
Desmilitarização de Gaza
O representante palestino na ONU, Ryad Mansur, lamentou que o Conselho não tenha exigido a retirada do bloqueio imposto desde 2006 a Gaza, enquanto Israel considerou que a decisão não havia levado em consideração as necessidades de segurança de Israel. O presidente palestino, Mahmud Abbas deve viajar "em breve" ao Cairo à frente de uma delegação de seu movimento Fatah, do Hamas e da Jihad Islâmica para discutir um cessar-fogo, de acordo com uma autoridade palestina.
Mesmo que uma trégua muito hipotética fosse alcançada, as divergências continuam profundas sobre os termos de um acordo de longo prazo. Apoiado no forte apoio de sua opinião pública, Israel quer concluir seu plano de neutralizar os túneis em Gaza usados para a passagem de armas e combatentes.
O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou mais uma vez que qualquer solução para o conflito "duradoura e significativa, deve levar ao desarmamento do Hamas". O apelo por uma trégua feito por Barack Obama comprometeu ainda mais as relações já complicadas entre os dois aliados. Já o Hamas exige uma retirada israelense de Gaza e o fim do bloqueio no território controlado pelo movimento desde 2007.
"Em nome da Humanidade, a violência deve parar", pediu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, enquanto os principais líderes ocidentais, incluindo Barack Obama, afirmaram seu compromisso de aumentar a pressão por um cessar-fogo neste conflito que começou no dia 8 de julho.
O presidente americano havia feito um apelo na véspera ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por uma trégua "imediata e incondicional", mas o premiê alertou nesta segunda para "uma longa campanha" militar contra o enclave palestino controlado pelo movimento Hamas.
Nesta segunda-feira, a imprensa israelense chegou a registrar a morte de quatro pessoas no kibutz Be;eri, perto da fronteira, atingidas por um ataque feito a partir de Gaza. Mas, pouco depois, o Exército indicou que as vítimas eram soldados em operação na região de Eshkol, onde fica o kibutz.
Outras oito pessoas ficaram feridas nesse ataque, reivindicado pelo Hamas. No início da noite, cinco combatentes palestinos, que tinham se infiltrado no sul de Israel, foram mortos nas imediações do kibutz de Nahal Oz, perto da fronteira, anunciou à AFP uma fonte da segurança israelense. O Hamas reivindicou a autoria de uma operação na área afirmando ter matado "mais de dez soldados".
Em Gaza, oito crianças e dois adultos morreram no campo de refugiados de Shatti. Os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade por mais um ataque sangrento. O mesmo acontece por uma explosão no hospital Shifa, o maior do enclave palestino, que vinha sendo poupado da violência. Ninguém ficou ferido.
Cinco pessoas, entre elas três crianças, morreram atingidas por disparos de artilharia que destruíram uma casa em Jabaliya (norte), de acordo com o porta-voz dos serviços de emergência, Ashraf al-Qudra. Antes, uma outra criança, de quatro anos, já tinha morrido atingida por um disparo de tanque na mesma cidade. Além disso, outro palestino perdeu a vida no centro do enclave e outros quatro, em Khan Yunis (sul).
"Longa campanha"
Não há uma solução à vista para esta onda de violência iniciada depois que Israel resolveu acabar com a capacidade militar do Hamas e acabar com os disparos de foguetes contra a sua população. Em um discurso transmitido pela televisão nesta segunda, Benjamin Netanyahu pediu a seus compatriotas que se preparem para "uma longa campanha". E o Exército israelense instruiu os habitantes de bairros na periferia da Cidade de Gaza a deixarem suas casas e se dirigirem para o centro da cidade, o que permite prever novos bombardeios.
A calmaria de domingo não durou muito. Com a retomada das hostilidades a celebração do Fitr, que marca o fim do Ramadã, deve ser trágica para os 1,8 milhão de habitantes de Gaza. "É o Eid de sangue", resume Abir Chamali, passando a mão sobre a terra que acabava de ser depositada sobre o corpo de seu filho de 16 anos, morto na quinta-feira perto da Cidade de Gaza. "O ocupante (israelense) ainda recusa qualquer cessar-fogo humanitário para o Eid. É uma negação das crenças dos muçulmanos e de seu culto", denunciou o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri.
Em três semanas, de acordo com os serviços de emergência locais, a ofensiva israelense deixou cerca de 1.060 mortos palestinos -- mais de 70% civis, segundo a ONU -- e por volta de 6.200 feridos na Faixa de Gaza. Do lado israelense, 48 soldados e três civis morreram.
Em Nova York, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU, reunidos com urgência, haviam manifestado em uma declaração unânime seu "forte apoio a um cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" exigido por Barack Obama.
Desmilitarização de Gaza
O representante palestino na ONU, Ryad Mansur, lamentou que o Conselho não tenha exigido a retirada do bloqueio imposto desde 2006 a Gaza, enquanto Israel considerou que a decisão não havia levado em consideração as necessidades de segurança de Israel. O presidente palestino, Mahmud Abbas deve viajar "em breve" ao Cairo à frente de uma delegação de seu movimento Fatah, do Hamas e da Jihad Islâmica para discutir um cessar-fogo, de acordo com uma autoridade palestina.
Mesmo que uma trégua muito hipotética fosse alcançada, as divergências continuam profundas sobre os termos de um acordo de longo prazo. Apoiado no forte apoio de sua opinião pública, Israel quer concluir seu plano de neutralizar os túneis em Gaza usados para a passagem de armas e combatentes.
O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou mais uma vez que qualquer solução para o conflito "duradoura e significativa, deve levar ao desarmamento do Hamas". O apelo por uma trégua feito por Barack Obama comprometeu ainda mais as relações já complicadas entre os dois aliados. Já o Hamas exige uma retirada israelense de Gaza e o fim do bloqueio no território controlado pelo movimento desde 2007.