postado em 10/08/2014 06:01
Na tentativa de desvendar a série de homicídios que chocou Goiânia, a Polícia Civil analisará a relação de um homem preso na madrugada de ontem com os assassinatos. O rapaz de 27 anos foi detido por assaltos a comércios. Como ele aparece em imagens de câmeras de segurança de uma padaria próxima ao local da morte da estudante Ana Lídia de Souza, 14 anos, ; a última da sequência de execuções ; a polícia vai apurar se ele teve participação no crime. Até agora, entretanto, segundo o superintendente de Polícia Judiciária de Goiás, Deusny Aparecido Silva Filho, não há provas que o apontem como suspeito. Enquanto a polícia patina para dar desfecho aos homicídios, parentes e amigos de vítimas foram às ruas ontem exigir celeridade nas investigações.
Na manhã de ontem, a Polícia Militar afirmou que o homem preso na casa de parentes em São Luís dos Montes Belos, a 120km da capital, tinha características descritas pelas testemunhas e estava com uma motocicleta roubada. Mais tarde, Deusny esclareceu que a moto apreendida estava desmontada e era vermelha, diferentemente da cor escura comum às execuções. ;Até agora, não tem nada concreto que vincule ele diretamente aos crimes;, disse. Outro suspeito foi detido na noite de quinta-feira. A polícia acredita que ele está vinculado a dois assassinatos dos 17 investigados.
A falta de resposta oficial para a onda de violência contra mulheres que apavora Goiânia, é apenas a ponta visível de uma gestão de segurança pública com baixíssimo índice de resolução de homicídios. Os 15 assassinatos de mulheres, em circunstâncias semelhantes, ainda sem esclarecimentos, expõem a fragilidade da investigação motivada por uma polícia com deficit de estrutura e de pessoal. Basta analisar a chamada meta 2 da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), que vence em outubro deste ano. Em relação aos inquéritos abertos até 2007, Goiás ocupa a última colocação, com 35% de resolução do objetivo traçado. Quando se analisam as investigações instauradas até 2008, o Estado sobe apenas uma posição e fica em penúltimo lugar, à frente apenas de Roraima.
Lançada em fevereiro de 2010, por iniciativa conjunta entre os conselhos nacionais do Ministério Público (CNMP), de Justiça (CNJ) e o Ministério da Justiça (MJ), a meta 2 é um esforço para tentar aumentar o índice de elucidação dos casos. No primeiro ano, o Estado de Goiás só conseguiu concluir 35% dos inquéritos. Do total, 38% foram arquivados por falta de provas. A ausência de investigação alimenta a impunidade e faz explodir o número de homicídios.
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