postado em 11/08/2014 08:24
A mudança de hábitos e o envelhecimento da população brasileira representam novos desafios ao sistema de saúde. Dados de um estudo obtido pelo Correio, elaborado para o projeto Saúde Amanhã, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atestam uma tendência para daqui a 20 anos: doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, câncer e hipertensão, ganharão um peso ainda maior em relação a outras. Essas enfermidades representam boa parte do cenário epidemiológico atual, mas a projeção para 2033 é que se sobressaiam mais em relação às infecciosas parasitárias, como as diarreias. A pesquisa mostra que a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes por isquemias, a exemplo do infarto do miocárdio, deve crescer em 52%. O mesmo deve ocorrer com o diabetes, com aumento do índice de óbitos em 58,2%.
O levantamento elaborado pelo professor doutor em epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Walter Massa Ramalho e pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, será um capítulo do livro Brasil Saúde Amanhã: ensaios de prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro, previsto para novembro. O estudo não traz detalhes sobre a incidência das doenças, mas das taxas de mortalidade a cada 100 mil habitantes. As estimativas foram elaboradas com estatísticas baseadas no Sistema de Informatização de Mortalidade (SIM) e com a projeção da população para os próximos 20 anos. Os últimos números consolidados do índice de óbitos é de 2011, por isso, eles foram usados como ponto de partida para os cenários de 2033.
Ramalho explica que a transição do cenário epidemiológico de hoje está totalmente associada ao envelhecimento da população. Por isso, podem prevalecer as doenças crônicas não transmissíveis, que recebem essa classificação por terem sintomas prolongados. ;Sabemos que as pessoas, em determinado momento, adoeciam das doenças infecciosas e parasitárias, tipicamente de crianças e adolescentes. Mas, agora, a gente passa a ter um maior acúmulo das doenças crônicas degenerativas;, explica. Um estudo publicado em 2006 na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde mostrou que os gastos com as doenças crônicas chegaram a R$ 7,56 bilhões no ano anterior.
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