Brasil

Metal mercúrio causa danos graves à saúde e carece de fiscalização

Substância se deposita no sistema nervoso central, destruindo os tecidos cerebrais e causando desde mudanças de comportamento à total incapacidade motora

postado em 05/09/2014 06:02
[FOTO1]Valdivino dos Santos Rocha tinha 32 anos quando foi contratado como mecânico por uma fábrica de lâmpadas na Grande São Paulo, em 1986. ;A gente fazia a reposição do mercúrio e quando acontecia qualquer vazamento tinha que correr e trocar rapidinho, vivia em cima da máquina;, explica o paulista, que trabalhou sete anos no local. Segundo ele, a máscara de proteção, pesada, ;atrapalhava;, e não haveria uma orientação correta para o uso. ;Uns 80% dos funcionários foram contaminados. Tenho gastrite crônica, outros tiveram câncer de estômago, problemas na bexiga e nos rins. Os meus (rins) só funcionam 48%;, revela o hoje vice-presidente da Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico (Aeimm), que reúne cerca de 200 ex-funcionários de fábricas de lâmpadas fluorescentes de São Paulo. Além de uma indenização, eles querem que as empresas garantam o tratamento para quem ficou com sequelas.



O mercúrio se deposita no sistema nervoso central, destruindo os tecidos cerebrais e causando desde mudanças de comportamento à total incapacidade motora. O Brasil e nove países sulamericanos se reuniram esta semana em Brasília para traçar estratégias de implementação da Convenção de Minamata sobre o Mercúrio, assinada em outubro de 2013. Encontros semelhantes acontecem em outros continentes para estudar a aplicação do acordo, que visa diminuir as fontes de contaminação como forma de proteger a saúde e o meio ambiente. Dentre as obrigações estabelecidas, está a redução ou mesmo eliminação do uso do metal em produtos e processos industriais. Cada país deve elaborar um plano nacional para a redução do uso do mercúrio na mineração de ouro artesanal, os garimpos.

Uma das principais formas de intoxicação por mercúrio se dá pela ingestão de peixes e frutos do mar. Tommaso Giarrizzo, professor da pós-graduação em Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará (UFPA), analisou pescados vendidos nos mercados de Belém (PA) e descobriu altos teores de mercúrio em algumas espécies, acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. ;Isso não deve ser considerado um alarme porque as altas concentrações podem estar mais associadas aos locais da pesca, como regiões de garimpo, do que unicamente às espécies;, explica. ;Infelizmente, nas feiras e mesmo nos mercados onde pode ser encontrado o peixe industrializado, a procedência não é informada. O certo seria realizar estudos nas diferentes bacias hidrográficas e avaliar quais apresentam um pescado de melhor qualidade;, destaca.

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