Brasil

Milhares de jovens com necessidades especiais estão fora da escola

Embora o número de alunos especiais matriculados em turmas regulares tenha aumentado 100% em cinco anos, chegando a 620 mil estudantes, ainda há um batalhão de crianças e adolescentes sem acesso à educação

Daniela Garcia
postado em 08/09/2014 07:02
Apresentação de dança de Keila Pereira e Juliana Rocha, que tem o lado esquerdo do corpo paralisado: benefícios da diversidade em sala de aula
Quando Juliana Rocha dança na companhia da amiga Keila Pereira, fica difícil diferenciar qual delas teve uma paralisia do lado esquerdo do corpo. As adolescentes de 17 anos se esforçam para manter a sincronia dos passos de balé, no pátio do Centro Educacional n; 2 do Guará. Com a coreografia, as diferenças motoras ficam menos evidentes. Na plateia, há os que questionam: ;quem é a menina do derrame na perna?; Só depois de uma falha técnica da música, os presentes percebem que Juliana tem dificuldades para andar até onde está o equipamento de som. ;Eu nasci com uma má formação no cérebro. Depois de um acidente em casa, perdi os movimentos do lado esquerdo aos oito anos. Foi muito difícil, porque achei que não voltaria a dançar. Mas com a ajuda da escola e da minha amiga, eu vi que podia ser diferente;, conta.



Keila nem gosta de dançar balé, mas aceitou fazer a apresentação para acompanhar a amiga em uma visita de autoridades do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ao colégio. ;Ela dançou para me ajudar. Assim como me ajuda com a matéria atrasada, se eu perco a aula para ir ao médico;, conta Juliana. Espectadora da dança, Rosângela Bieler é chefe global da frente da ONU sobre deficiência e garante que o Brasil está no caminho da inclusão escolar. Em cinco anos, de 2007 a 2012, o número de alunos com deficiência na escola regular passou de 306 mil para mais de 620 mil, um aumento de 102,78%, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). No entanto, a organização estima que há ainda cerca de 1 milhão de pessoas entre 0 e 19 anos com deficiência fora das escolas brasileiras.

O exemplo das amigas mostra como a diversidade dentro da sala de aula traz benefícios. A chefe do Unicef argumenta que a entrada de um aluno com deficiência em uma escola comum não deve ser pensada como uma aceitação de apenas uma pessoa diferente. ;É a chance de a escola mostrar que pode incluir toda a sociedade. Porque ela (escola) deve estar pronta para servir a comunidade com todas as suas diferenças;. Segundo o professor de educação física do Centro Educacional n; 2 do Guará, Bruno Reichert, desde que a escola começou a adotar um programa de inclusão, os adolescentes estão mais conscientes do preconceito. ;Os meninos veem de perto a dificuldade dos que têm deficiência. E aí acaba aquela brincadeirinha com quem fala errado ou com quem é mais gordinho. Mostra que a diferença é boa.;

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