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Suspeitos de ofensas racistas contra casal já têm passagens pela polícia

O delegado responsável pelo caso em Muriaé (MG) já identificou 50 perfis que cometeram o crime. Entre elas, algumas pessoas, moradores de São Paulo, já foram presas anteriormente

João Henrique do Vale/Estado de Minas
postado em 09/09/2014 22:30
Ofensas foram feitas depois de uma foto postada pela jovem no Facebook

O delegado Eduardo Freitas da Silva, responsável pelo inquérito que investiga o caso da jovem negra Maria das Dores Martins, de 20 anos, que foi vítima de comentários racistas depois de postar uma foto no Facebook ao lado do namorado branco, vai a Belo Horizonte na próxima semana para trocar informações com agentes da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos. Aproximadamente 50 pessoas, com idades entre 15 e 20 anos, já foram identificadas como os autores da ofensa. Entre os internautas, há pessoas com passagens policiais.

Os primeiros levantamentos da delegacia de Muriaé já foram feitos para identificar os perfis. ;Notamos que são pessoas jovens e que algumas já até cometeram outros ataques com o mesmo teor. Agora, vamos para BH tentar confirmar se o perfil se trata realmente da pessoa;, explicou o delegado Eduardo Silva.

[SAIBAMAIS]

A maioria dos internautas investigados são de São Paulo, apenas três seriam moradores de Minas. Em conversa com agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado conseguiu confirmar que alguns envolvidos nas ofensas racistas, já foram presas anteriormente. ;O Deic confirmou que algumas pessoas já foram identificadas por outros crimes. Não são muitos e não posso revelar por quais crimes foram detidos;, comentou Silva.

Ainda não há confirmação por qual crimes e quantas pessoas serão indiciadas. ;Elas podem responder por formação de quadrilha, injúria racial, ou até mesmo o preconceito racial. Ainda vamos apurar a situação de cada pessoa;, disse o delegado que deve pedir a prisão temporária dos envolvidos ao fim das investigações.

Relembre o caso

O crime aconteceu em agosto. Logo depois da jovem postar a imagem nas redes sociais, começou a receber ofensas. Uma das mensagens questiona onde o adolescente teria ;comprado a escrava;. Outra pergunta se ele é o dono da jovem. Há ainda um homem que diz parecer que os dois estão na senzala. A foto foi publicada em outro perfil, ;Pretinho do poder;, no qual várias pessoas criticaram a discriminação.

Ao Estado de Minas, o casal mostrou que as ofensas não vão atrapalhar em nada o relacionamento. A jovem contou que foi a primeira vez que foi vítima de racismo, mas que não vai se abater por causa disso.

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