postado em 17/09/2014 08:31
Sentada sobre a cama que também serve de mesa para os filhos, a costureira Maria do Socorro do Nascimento conta que há sete anos tenta ser aprovada no cadastro do Programa Bolsa Família. O marido, Sidney do Nascimento, 34 anos, trabalha como instrutor de autoescola, o que garante à família R$ 2 mil mensais, faixa além da permitida pela iniciativa social. Na pequena casa de dois cômodos, na Estrutural, Socorro explica que a renda não é suficiente para manter uma alimentação nutritiva para os filhos Emily Rebeca e Abner, de 7 e 3 anos, durante o mês. ;Meu marido recebe dia 20. Até o dia 29 a gente consegue comprar carnes, macarrão, arroz, frutas, verduras, legumes, gelatina, leite, pães. Depois é um aperto, começa a faltar comida, e a gente faz como pode; Parte para o cafezinho com biscoito;, diz, constrangida, a mulher de 31 anos. ;Quando eu era pequena, era tão pobre lá na Paraíba que só comia jerimum, de café da manhã, almoço e janta. Eu não quero essa miséria para os meus filhos;, compara.
Apesar das limitações no cardápio, a situação de Socorro ilustra o avanço do Brasil no combate à fome. Relatório publicado ontem pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostra que o país conseguiu eliminar a subnutrição como um problema estrutural. Embora ainda afete 3,4 milhões de brasileiros, correspondente a 1,7% da população ; pela metodologia da FAO, um índice abaixo dos 5% indica uma sociedade livre da fome. Em 1990, a taxa brasileira era de 14,4%. Em outra pesquisa, também divulgada ontem, a FAO revelou que um em cada nove habitantes do planeta ainda sofre diariamente com a fome ; ou 805 milhões de pessoas. A América Latina foi a região que mais reduziu a subnutrição, passando de 14,4%, em 1990, para 5%.
A fome ainda persiste no cotidiano de comunidades isoladas ou marginalizadas, como índios, quilombolas e moradores de rua. Anne Kepple, consultora da FAO, ressalta a integração de políticas públicas promovidas pelo Estado para combater a desnutrição. ;Não foi um sistema importado ou recomendado por um consultor da FAO. Foi um sistema construído por brasileiros. O Brasil mostrou o que pode acontecer quando o combate à fome vira prioridade;, elogiou.
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