Uma lacuna na Certidão de Nascimento que se prolonga no decorrer da vida. Permanece na Carteira de Identidade, na de motorista. Incomoda nas festinhas que a escola teima em fazer todo segundo domingo de agosto. Embaraça nas perguntas dos desavisados sobre com quem da família as semelhanças físicas são mais fortes. Entristece na porta da igreja ao som da marcha nupcial. ;Meu tio já disse que entrará comigo quando eu resolver me casar. Ele é como um pai para mim, mas sinto falta de conhecer o meu de verdade;, conta Natália da Silva Dantas.
Os dois sobrenomes vêm da mãe. Do pai, a brasiliense de 25 anos só tem uma foto, o primeiro nome e a cidade onde ele nasceu, no Paraná. A escassez de informações sobre a própria origem já fez Natália se sentir diferente em relação aos outros. Tanto que ela se assusta ao saber que uma em cada 20 crianças registradas em São Paulo, estado mais populoso do país, não tem o nome do pai na Certidão de Nascimento. Medida a pedido do Correio pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-SP), a média se refere a 2012, 2013 e 2014 (até abril).
Em números absolutos, são 84 crianças por dia registradas em São Paulo, no primeiro quadrimestre deste ano, com a filiação incompleta. Dados apurados nos 12 cartórios do Distrito Federal pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR) apontam taxa de certidões apenas com o nome da mãe semelhante ao indicador paulista (veja quadro). Informações suficientes para dar ideia do batalhão de meninos e meninas que, se nada mudar, terão de lidar com a falta da figura paterna e as consequências relacionadas a ela.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .