Brasil

Longevidade: idosos não se identificam mais como pessoas frágeis

Segundo o IBGE, eles representam 13% da população, mas a expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%

postado em 01/10/2014 08:30
Nas placas, ela é representada curvada, apoiada em uma bengala. Mas, na vida real, parte da população de 60 anos ou mais tem imagem diferente. Com maior expectativa e qualidade de vida, os idosos, que comemoram nesta quarta-feira (1;/10) o seu dia, têm viajado mais, estudado, comprado e ocupado espaços públicos e virtuais. O Dia do Idoso foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a data, posteriormente, foi escolhida para a criação do Estatuto do Idoso, que comemora 11 anos.

Segundo o IBGE, eles representam 13% da população, mas a expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%
;Dá preguiça não fazer nada;, sintetiza Elisabete Carvalho do Santos, representante de uma geração que se mantém ativa na velhice. Aposentada, 80 anos, ela dança, canta e vai à igreja. ;Já trabalhei muito e não deixo de trabalhar. Quando estou em casa, gosto de fazer crochê e tricô;, diz.

Os idosos são hoje no país 26,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%, segundo previsão do próprio IBGE.

[SAIBAMAIS]O pesquisador do IBGE Marden Barbosa atribui o aumento do índice e também da qualidade de vida a uma melhoria na saúde e na condição material dos idosos, embora "persistam as mesmas desigualdades encontradas entre as populações mais jovens", ressalta. ;A esperança de vida aumentou muito devido à redução da mortalidade infantil;, explica. Segundo ele, a esperança de vida em 2000 era 69 anos, em 2014 saltou para 75 e a projeção para 2060 é 81 anos.

A pesquisa Panorama dos Idosos no Brasil, do Data Popular em parceria com o Instituto Opinião, mostra que a renda dos brasileiros com 60 anos ou mais atingiu R$ 446 bilhões em 2013, o que corresponde a 21% da renda total da população brasileira.

Segundo o IBGE, eles representam 13% da população, mas a expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%
;A sociedade tem visão estereotipada do idoso, com doenças, que consomem recursos da saúde. Que a velhice significa doença e não fazer nada;, constata o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, João Bastos Freire Neto. ;É importante dizer que é uma pequena parcela da população idosa que está nessa condição, não é a maioria dos idosos;, acrescenta.

Segundo ele, uma boa qualidade de vida na juventude, cuidados com a alimentação e a prática de exercícios ajudam a ter uma velhice mais saudável. Além do que se pode prevenir, ele destaca os avanços da medicina. ;Uma pessoa com mais de 60 vai ter mais doenças crônicas, mas doenças como diabetes, doenças coronarianas podem ser controladas [com medicamentos], sem gerar incapacidade física;.



A idade, no entanto, assusta. Não é raro o medo do envelhecimento. A preocupação em construir uma imagem diferente para os idosos foi o que motivou o movimento Nova Cara da 3; Idade, da agência Garage IM. O alvo da mudança é o símbolo do idoso, presente em placas e adesivos.

;Hoje, o idoso é retratado como uma pessoa em decadência, curvado e dependente de uma bengala (como nas imagens que o representam), da ajuda de terceiros. Isso não é mais verdade. Há perda de vitalidade, mas o idoso hoje vive mais, está mais saudável, ativo e produtivo. O país está em processo de envelhecimento e levantar essas questões é uma forma de começar a conscientização da sociedade sobre o tema;, diz o fundador da Garage IM e criador do movimento, Max Petrucci.

A agência criou um novo símbolo, no qual uma pessoa aparece ereta ao lado de 60%2b. A proposta é que as pessoas imprimam a nova representação e a espalhem em espaços públicos. ;Além da experiência e do conhecimento acumulado, que são de grande valor para a sociedade, essas pessoas são ativas, bem dispostas e têm o tempo disponível para viver uma vida em que podem escolher o que querem fazer e como querem. É um novo momento na vida e é possível passar longe da imagem do velho resmungão;, acrescenta Petrucci.

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