postado em 07/10/2014 21:27
A falta de chuva em diversas regiões do país, principalmente no Sudeste, aponta para a necessidade de se prosseguir com os investimentos em usinas nucleares. A seca, além de afetar o fornecimento de água para a população, também compromete a geração de energia das usinas hidrelétricas, aumentando a importância das nucleares. A avaliação é de especialistas, que estão reunidos hoje (7) e amanhã (8), no 3; Seminário sobre Energia Nuclear, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).[SAIBAMAIS]O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Aquilino Senra, frisou que a matriz energética brasileira é muito baseada na hidreletricidade, que vem sendo afetada pelas reiteradas e prolongadas secas nos últimos anos. ;No Brasil, a produção hídrica contribui com 92% de toda energia gerada. Os 8% restantes vêm de uma complementação térmica, na qual a nuclear tem um papel de 4%. Essa situação de baixos reservatórios levará a uma tomada de decisão mais rápida sobre a expansão da produção de energia nuclear. É inevitável, nas próximas décadas, um potencial de crescimento nuclear;, disse Senra.
O supervisor da Gerência de Análise de Segurança Nuclear da Eletronuclear, Edson Kuramoto, disse que a menor quantidade de chuva nos últimos anos forçou o governo a utilizar totalmente as usinas térmicas, incluindo as nucleares, para garantir o fornecimento. ;Hoje está demonstrado que a matriz energética brasileiras é hidrotérmica. Desde 2012, com a redução das chuvas, os reservatórios estão baixos e as térmicas foram despachadas justamente para complementar a falta da geração hidráulica. A energia nuclear tem que ser lembrada, porque o Brasil domina o ciclo e nós temos grandes reservas do combustível;, disse Kuramoto.
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Segundo Kuramoto, além das usinas Angra 1 e 2, já em funcionamento, e Angra 3, em construção, o país precisará de pelo menos mais quatro usinas nucleares, sendo duas no Nordeste e duas no Sudeste. ;O potencial de hidrelétricas que temos ainda é no Norte do país, mas está difícil o licenciamento de novas usinas com reservatórios. No passado, nossas hidrelétricas suportavam um recesso de chuvas de seis ou sete meses, hoje é três meses. Então o país vai ter que investir nas usinas térmicas. Até 2030, finda o nosso potencial hidráulico. A partir daí, o Brasil terá de construir novas térmicas, sejam nucleares, a gás, óleo combustível ou carvão.;
Segundo o presidente da INB, o Brasil tem garantidas reservas de urânio pelos próximos 120 anos pelo menos. Isso garante um custo baixo do combustível, que ainda tem a vantagem de não emitir gases de efeito estufa. Para Senra, a questão da segurança, muito questionada por causa do acidente da Usina de Fukushima, no Japão, já está solucionada com as novas gerações de usinas. ;Os reatores de Fukushima são de segunda geração. Os que estão começando a ser instalados agora são de terceira geração e neles não ocorreriam acidentes como os que já ocorreram, seja em 1979, nos Estados Unidos [em Three Mile Island, Pensilvânia], ou em 1986, em Chernobil [Ucrânia], e em 2011, em Fukishima;, explicou Senra.