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MPF/RJ diz que Brasil precisa de agência reguladora para setor nuclear

Coordenadora do Grupo de Trabalho Energia Nuclear do MPF, Gisele explicou que o órgão regulador é uma recomendação da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e da comunidade científica

postado em 08/10/2014 19:32
Com planos de uma terceira usina nuclear brasileira, Angra 3, entrar em operação comercial em maio de 2018, segundo a Eletrobras Eletronuclear, e erguer mais quatro usinas até 2030, o Brasil precisa de uma agência reguladora para o setor. A avaliação é do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) e do diretor de Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) Ivan Salati. Eles participaram hoje (9) do 3; Seminário sobre Energia Nuclear, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, a Cnen é responsável por fomentar pesquisas, dar licenciamento às atividades e controlar a segurança nas operações. No entanto, para o MPF, as atribuições são conflitantes. ;A Cnen acumula as duas funções: de empreendedor, com 90% do setor, e de licenciamento, mas como ela própria vai se autolicenciar?;, questionou a procuradora regional da República Gisele Porto. ;É incompatível;.

Coordenadora do Grupo de Trabalho Energia Nuclear do MPF, Gisele explicou que o órgão regulador é uma recomendação da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e da comunidade científica. Depois do acidente na Usina de Fukushima, no Japão, citou, mais países passaram a separar as funções de pesquisa e segurança na área nuclear.

O diretor da Cnen também defende a separação. Segundo Ivan Salati, desde 2009 o órgão discute a criação da agência. Um projeto chegou a ser encaminhado ao Ministério do Planejamento, que devolveu a minuta ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação pedindo mais detalhes, segundo o MPF. O Cnen, disse, está pronto para voltar ao ministério e discutir as alterações na proposta. ;É conflitante, mas não é só isso. Falta uma estrutura com recursos humanos;, avaliou Salati, sobre o novo órgão.

Segundo o MPF, que se reuniu em agosto com o Ministério do Planejamento, o governo precisa acelerar o processo. O grupo de trabalho sugere, inclusive, audiências públicas para discutir o modelo de agência.;Queremos justamente debater com a sociedade o melhor modelo de agência reguladora para o setor;, reforçou Gisele. Em nota, o ministério disse que ;o projeto está sendo discutido no âmbito do governo;, mas não deu detalhes.



A procuradora do MPF Izabella Marinho Brant, que também atua no caso, reforçou que o novo órgão, que precisa ser aprovado pelo Legislativo, em forma de lei, deve ter foco na segurança das operações, o que não é atribuição comum das agências atuais. ;Será uma agência mais próxima do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], que é um órgão licenciador, do que da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica];.

A Cnem monitora as instalações das usinas nucleares Angra 1, 2 e a construção de Angra 3. Também fiscaliza o ciclo de produção do combustível nuclear, além de 2,8 mil instalações com fonte de radiação na indústria, na saúde e de pesquisa. São cerca de 800 inspeções por ano.

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