Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (10/10), o ministro da Saúde, Arthur Chioro afirmou que a suspeita de contaminação pelo vírus ebola no Brasil será confirmada em um prazo de 24h. O exame foi feito no Rio de Janeiro e a amostra de sangue encaminhada ao Instituto Evandro Chagas, no Pará. O africano Souleymane Bah, de 47 anos, está internado no Instituto de Infectologia Evandro Chagas, na capital fluminense. O teste de malária também foi feito e deu negativo. No entanto, o protocolo ainda exige uma segunda avaliação, após 48h do primeiro resultado.
Foram identificados 64 possíveis contactantes. Quatro deles dividem a casa com o africano e três são funcionários da unidade de saúde de Cascavel. O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, disse, no entanto, que a chance de eles estarem infectados, caso seja confirmado que se trata de um caso de ebola, não é alta. ;São todos considerados de baixo risco, porque o paciente não vomitou ou teve diarreia;, afirmou.
[SAIBAMAIS]De acordo com a pasta, o paciente chegou ao Brasil em 19 de setembro, procedente da Guiné, em um voo que fez escala em Marrocos. Ele deu entrada na quinta-feira (9/10) na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Brasília, em Cascavel (PR), e reclamava de febre e tosse.
O homem foi transferido por volta de 3h de hoje. Uma médica e uma enfermeira o acompanharam até o avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A transferência foi feita com uma série de medidas, parte de um protocolo internacional. Toda a equipe que transportou o paciente, inclusive as pessoas que estavam dentro da ambulância, usavam roupas especiais. A ambulância foi escoltada por carros da Polícia Militar. O avião decolou por volta de 5h. Após o transporte, a aeronave, que também será usada para levar o exame até Belém, foi higienizada.
O paciente não apresenta febre, nem qualquer outro sintoma da doença, segundo o Ministério. ;Ainda que a probabilidade seja muito pequena, que a gente esteja no vigésimo dia [de incubação do vírus], o caso se classifica como suspeito pela evidência clínica e histórico epidemiológico. Se for descartado, todo o esforço valeu a pena porque não demos margem a não realizar as ações que são de nossa responsabilidade.; O ministro da Saúde parabenizou também as equipes de saúde que estiveram envolvidas na identificação do caso e no transporte do paciente. ;A situação está sob controle. Todos os procedimentos foram aplicados com muito êxito.;
Precaução
A UPA que recebeu o paciente em Cascavel, no Paraná, foi interditada e várias pessoas isoladas no local na noite de ontem. O homem apresentava quadro subfebril, sem vômito ou hemorragia. Ele relatou que sentiu febre durante três dias até procurar atendimento. A pasta ainda informou que, por estar no vigésimo primeiro dia, limite máximo para o período de incubação da doença, foi considerado caso suspeito, seguindo os protocolos internacionais para a enfermidade.
Souleymane Bah, 47 anos, nasceu em 1; de janeiro de 1967 e tem o 1; grau completo, de acordo com documento do Ministério da Justiça. Ele fez o pedido de entrada no Brasil em 23 de setembro deste ano.
Ainda nesta tarde, uma nova coletiva de imprensa atualizará as informações sobre o estado de saúde do paciente. A pasta detalhou as ações desenvolvidas desde o momento em que o paciente deu entrada em uma UPA:
17h45 - Ministério da Saúde foi notificado (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância de Saúde - CIEVS Nacional)
18h - O centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) foi acionado pela Secretaria de Saúde do Paraná
19h20 - Acionamento da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para transporte aéreo do paciente pela equipe do COES
22h35 - Equipe de investigação do MS foi descolada para Cascavel
0h40 - Chegada da equipe em Cascavel, avaliação da situação clínica e epidemiológica do caso suspeito e início da investigação de contactantes
1h11 - Comunicação à OMS de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI)
4h30 - Transporte do caso suspeito para o Rio de Janeiro
7h41 - Chegada do caso suspeito no Instituto de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz
Transmissão
O vírus é transmitido por fluídos corporais de pessoas animais infectados. Os principais sintomas são febre, dores de cabeça, nos músculos, articulações, e garganta seca. Em casos avançados, pode haver hemorragia.
Guiné, Serra Leoa e Libéria são os três países com maior número de casos e mortes pela doença no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 5 de outubro, o ebola já havia matado 3.879 pessoas. Outros dois casos suspeitos semelhantes chegaram a ser notificados, mas como eram pessoas de vindas de países africanos sem o surto da enfermidade, a suspeita foi de que tivessem sido infectados por malária.