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Habilidosos, jovens indígenas se destacam na arquearia profissional

A preparadora física e caça talentos que descobriu os jovens, Márcia Lot, explica que os jovens índios do projeto são tímidos, pois deixaram suas aldeias natal há um ano e não estão acostumada com multidões

postado em 11/10/2014 13:33
Do arco e flecha de madeira convencional da floresta ao equipamento profissional de tiro com arco. Apostando na habilidade de jovens índios com os instrumentos de caça, a organização não governamental Fundação Amazonas Sustentável (FAS) criou o projeto Arquearia Indígena, com o sonho de levar jovens às Olimpíadas. Neste final de semana, seis indígenas participam de campeonato nacional em Maricá, no Rio de Janeiro, com bons resultados para comemorar.

Jovens indígenas do Amazonas participam do 7° Campeonato Brasileiro Infantil, Cadete, Juvenil de Tiro com Arco 2014, o projeto busca vagas para Olimpíadas

Um das estrelas é Inha, de 14 anos. Ele tem ocupado as primeiras colocações no ranking nacional infantil e é uma das promessas. Da etnia Kambeba, do baixo Rio Negro, o menino, cujo nome significa Coração, é tímido. Saiu da aldeia, na desembocadora do Rio Cuieiras, direto para um centro de treinamento em Manaus, onde se prepara fisicamente com musculação, recebe atendimento médico e nutricional, frequenta a escola e dá até 300 tiros por dia.

A preparadora física e caça talentos que descobriu os jovens, Márcia Lot, explica que os jovens índios do projeto são tímidos, pois deixaram suas aldeias natal há um ano e não estão acostumada com multidões. Márcia percorreu aldeias que sequer falavam português atrás de arqueiros entre 14 e 19 anos. Uma menina também foi selecionada.

;É um projeto de mudança, de inclusão social, de resgate de auto-estima, que visa salvar o jovem;, disse. ;Todos eles são arqueiros desde os 3 anos de idade. Eles caçam bichos, como cotias e pescam com o arco;, contou. Ela selecionou a equipe entre 320 jovens arqueiros da região. ;Força, resistência, foco e mira eles têm;, avalia, otimista, a preparadora.

Outra aposta é Yagoara, também da etnia Kambepa. Márcia Lot conta que desde a aldeia, Dream, como é chamado pelo grupo, se destaca. Lá, além de arqueiro, era um grande caçador. ;Saímos uma vez juntos para floresta para caçar um porco do mato. Ele passava a mão no chão e reconhecia o cheiro, indicando o rastro. Esperamos cinco horas. Eu desisti. Ele, não. Três horas depois, Yagoara voltou com o porco e garantiu alimentação da aldeia por três dias;, relembra.

A persistências dos jovens, a resistência e a capacidade de concentração são as características que impressionam o técnico da equipe, Roberval Santos, da Federação Amazonense de Tiro com Arco, ele explica que ainda é muito cedo para pensar nas Olimpíadas de 2016, mas que com treinamento os jovens, talvez, tenham chance em 2020. ;As pessoas podem achar que [ser índio] é uma vantagem. Mas é bem diferente, porque o arco nativo não exige um compromisso, é lúdico. O arco de competição é treinamento de longo prazo, físico e psicológico;, explicou. Em média, os jovens atletas treinam por uma hora e trinta minutos em escolinhas.

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Atento aos atletas do Rio Negro, está Marcos Vinícius D;almeida, de 16 anos, considerado um fenômeno na arquearia. Ele conquistou recentemente a prata nos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014 e é aposta do Brasil nas competições internacionais. Para ele, os jovens indígenas têm a mesma chance que os que se dedicam ao esporte. ;Não sei até que ponto isso é vantagem ou não. Mas quanto mais gente praticando, melhor;, disse.

O projeto da fundação Amazônia busca valorizar também a diversidade cultural e resgatar a auto-estima dos índios. ;Nossa ideia é usar o esporte como ferramenta de educação. Dar instrumentos para que busquem seus objetivos, seja quais forem, e até voltar para aldeia;, acrescentou Marcia.

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