Brasil

Ministério da Saúde aponta onda de maternidade depois dos 30 anos

A maior presença das mulheres no mercado de trabalho indica novas tendências no páis: as brasileiras decidem ser mãe mais tarde e têm menos filhos

postado em 30/10/2014 09:25

Aos 33 anos, Pola está grávida de cinco meses, depois do período de estudos

Estudo do Ministério da Saúde atesta uma tendência: a redução na quantidade de nascimentos e a espera prolongada das mulheres para se tornar mãe. A pesquisa Saúde Brasil mostra que o índice de brasileiras que tiveram filhos com 30 anos ou mais passou de 22,5%, em 2000, para 30,2%, em 2012. O levantamento também mostra que houve redução de 13,3% no total de nascidos no período analisado. Desde 2005, a taxa de fecundidade no Brasil é de 1,77 filhos por mulher, inferior à média mundial de reposição populacional de 2,1. O índice pode levar à estabilização e o decréscimo da população.

Diretora do departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Saúde, Thereza de Lamare, aponta motivos para a tendência da maternidade tardia. ;Está relacionado, principalmente, à entrada da mulher no mercado de trabalho e à melhoria do acesso das mulheres à anticoncepção;, diz.

A pesquisa mostra que quanto maior a escolaridade, mais tardia é a maternidade. Das mulheres entrevistas com 12 anos ou mais de estudos, 45,1% esperaram completar três décadas de vida para ter o primeiro filho. Nas faixas que consideram menos escolaridade, o índice não passa de 15%. A maior parte das mães com 30 anos ou mais está no Sudeste, e a menor, no Norte. A quantidade de pessoas que engravidaram antes dos 19 caiu de 23,5% para 19,3%. Das mulheres com até três anos de estudo, 51,4% tiveram filhos com menos de 20 anos, e das que tiveram de 4 a 7 anos na escola, 69,4%.

O estudo mostra ainda a queda no número de nascidos no país e, desde 2005, a taxa de reposição populacional no Brasil foi de 1,77 filhos/mulher, inferior à média mundial, de 2,1 filhos/mulher. A única região que teve uma taxa superior foi a Norte, com 2,24 filhos por mulher. A região com a maior queda nos nascimentos foi o Nordeste, com 16%.

A assessora parlamentar Pola Karlisnki, 33 anos, está grávida de cinco meses. Casada há quatro anos, ela parou de tomar pílula em outubro do ano passado. A opção pela maternidade veio da consciência de querer ser mãe e ;pela pressão biológica;. A opção, entretanto, aconteceu somente depois da graduação em Sociologia, de uma pós-graduação, de um tempo morando no exteior e de atuação em movimentos sociais.

Para Pola, a redução de nascimentos e a decisão tardia por filhos tem a ver com a mudança nas relações na sociedade. ;Antes, casar e ter filhos era um destino obrigatório. Poucas mulheres trabalhavam fora. Essa decisão não é mais prioridade. Hoje, as mulheres percebem que tem outras possibilidades;, diz. Outro fator, segundo a socióloga, que também milita no movimento feminista é de que a relação entre os casais também é menos estável. ;Por isso, hoje se planeja mais ter o filho porque o risco de ter de criá-lo sozinha é maior. Hoje, moro com meu marido e temos um relacionamento há anos. Tenho uma estabilidade financeira, que, embora não seja a ideal, é maior.;

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