Brasil

Pesquisa estima que o Brasil tenha 715 leitos ilegais em clínicas de aborto

As péssimas condições dos locais, assim como técnicas primitivas usadas por quem não pode pagar pelo serviço, resultam em complicações e mortes

postado em 03/11/2014 07:17
O número estimado pela Pesquisa Nacional do Aborto ; cerca de 5 milhões de mulheres até 40 anos, em 2010, já haviam feito o procedimento no país ; foi atualizado. Em 2014, a quantidade chegou a 7,4 milhões de brasileiras, aponta o levantamento, feito pela Universidade de Brasília (UnB). Na esteira do aumento da interrupção voluntária da gravidez, considerada crime, há um incremento do mercado clandestino associado à prática. Pesquisa recente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) quantificou em pelo menos 715 o número de leitos em clínicas ilegais existentes em território nacional.


[SAIBAMAIS]Intitulada de Magnitude do abortamento induzido por faixa etária e grandes regiões, a pesquisa chegou aos resultados considerando que cada internação por aborto induzido requer cerca de um dia e meio de internação. No Brasil, aponta o estudo, 2.384 abortos voluntários são feitos por dia. Desses, 477 exigiriam internação. Região mais populosa do país, o Sudeste abrigaria o maior número absoluto de leitos em clínicas clandestinas: 269. Em outro extremo, Amapá e Tocantins teriam o menor índice: sete, cada um.

Professor da Uerj e um dos autores da pesquisa, Mário Giani acredita que as clínicas clandestinas muitas vezes são mais seguras que os abortos feitos em casa. ;Esses leitos são melhores que os procedimentos domésticos rústicos e primitivos adotados por quem não pode pagar o atendimento em clínica particular;, avalia. Ele alerta que abortos mal realizados resultam em infecções e hemorragias graves, perfuração do útero, esterilidade e mortalidade materna.

Não existe um órgão governamental que centralize os dados sobre as clínicas clandestinas. Polícia Civil e as vigilâncias sanitárias dos municípios e estados fazem operações isoladas, motivadas por denúncias ou investigações pontuais. Apesar da repressão, mulheres de todas as classes sociais e faixas etárias recorrem à interrupção da gestação, de acordo com a Pesquisa Nacional do Aborto. Ainda que algumas clínicas ilegais representem opção menos arriscada que realizar o procedimento em casa, não é possível garantir a segurança desses locais.

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