Agência France-Presse
postado em 06/11/2014 16:19
Itaituba - Indígenas da etnia mundurucu do estado amazônico do Pará, no norte do país, começaram a delimitar, com a ajuda de estacas e GPS, uma imensa área de 1.700 km2 que consideram suas terras ancestrais, cansados de esperar pelo governo, segundo dados obtidos pela AFP.O governo pretende construir uma hidrelétrica nesta região. Os indígenas aguardam há 13 anos o reconhecimento oficial de suas terras por parte do Executivo que, a pedidos da justiça, deve respondê-los em 10 dias.
"Nossos rios já não têm peixes e em nossos bosques é cada vez mais difícil encontrar caça: cansamos de esperar e viemos tomar nossas terras. Sabemos o que é nosso, conhecemos nosso território", explicou o cacique Juarez Saw Mundurucu, que acompanhou a demarcação iniciada há duas semanas.
Aproximadamente 70 homens, mulheres e crianças com facões e um GPS entraram na selva para delimitar com estacas o território ancestral ainda não reconhecido pelo governo, entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do estado do Pará.
[SAIBAMAIS]A Funai (Fundação Nacional do Índio) havia se comprometido a publicar em março deste ano um relatório constatando que esse é seu território, o que seria o passo mais importante para o reconhecimento final, mas isso ainda não aconteceu, informou à AFP o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Na semana passada, um juiz deu o prazo de 15 dias à FUNAI para publicar esse documento.