Brasil

Passageiros relatam pânico a bordo de avião que fez pouso forçado em BH

Fogo na turbina da aeronave da American Airlines fez comandante retornar para o aeroporto na Grande BH menos de meia hora após decolagem

Valquiria Lopes/Estado de Minas
postado em 07/11/2014 10:26
Uma viagem para ficar na memória. Os cerca de 25 minutos em que a aeronave do voo AA 992, da empresa aérea norte-americana American Airlines, se manteve no ar, na noite de anteontem, foram de medo para os 167 passageiros que partiram do Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O avião decolou às 23h32, com destino a Miami (EUA). Mas, cinco minutos depois os viajantes sentados nas poltronas do lado esquerdo, na parte de trás da aeronave, ouviram um estrondo e viram um clarão no ar, partindo da turbina. Por causa do problema, classificado pela empresa como uma ;necessidade de manutenção;, o piloto abortou o voo e retornou ao terminal. Apesar do aviso da tripulação no alto-falante de que a situação era normal, passageiros disseram que os minutos seguintes foram tensos e o pouso, complicado. Depois de enfrentar até seis horas no saguão do terminal para remarcar suas viagens, eles passaram o dia ontem em um hotel próximo a Confins.

Ainda apreensivos com o incidente, os viajantes prometem entrar na Justiça contra a companhia pelo transtorno no voo e precariedade no atendimento em solo. ;Foram momentos de pânico, porque a aeronave ainda estava em processo de subida e, de repente, o estrondo. Foram os passageiros que avisaram aos comissários sobre o problema, repassado ao piloto. Era nítida a cara de preocupação dos tripulantes e ninguém explicava direito o que estava acontecendo. Tive muito medo de morrer;, contou a fotógrafa Vanessa Freire, de 33 anos. Belo-horizontina, ela viajava para Boston ; onde mora há três anos ; depois de uma viagem de férias no Brasil. Segundo ela, o clima foi de tensão. ;Os passageiros olhavam uns para os outros com cara de medo. Outros rezavam para que aquele pesadelo terminasse. Passou um filme na minha cabeça. Achei que todos iríamos morrer;, afirmou Vanessa.

A fotógrafa Vanessa Freire ia para casa, em Boston:

O anúncio de que o avião retornaria a Confins veio cerca de 10 minutos após a decolagem e foi feito pelo piloto. ;Ele disse no alto-falante que iria dar mais duas voltas no ar e pousaria para verificar se o avião teria sofrido algum dano. Voamos por mais 20 minutos. Nesse intervalo, um dos comissários chegou a dizer que um pássaro havia se chocado com a turbina;, lembra o policial civil Flávio Henrique Lara, de 32, que viajava a Miami a passeio. Segundo ele, o momento em que mais teve medo foi na descida. ;Fui um dos que viram o clarão e, na hora, todos ao meu redor se olharam e fizeram cara de espanto. Com o aviso do comandante de que tudo estava bem, me tranquilizei. Mas na hora do pouso foi tenso;, disse Flávio. Segundo ele, foi grande o impacto da aeronave com o solo. Além disso, quase toda a extensão da pista foi usada até que o avião parasse por completo. ;Foi nítido que o procedimento não foi normal. Parece que ele pousou usando a força de uma única turbina, porque vinha planando e, de repente, se chocou com o chão.; O policial contou ainda que, mesmo em solo, esperaram cerca de 50 minutos dentro do avião.

No momento do pouso, carros do Corpo de Bombeiros e ambulâncias já estavam posicionados na pista De acordo com a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), toda a estrutura do terminal entrou de prontidão para procedimento de emergência. Uma das passageiras do AA 992, a administradora de empresas Mariana Ribeiro, de 40, contou na tarde que ontem que ainda fazia orações em agradecimento por tudo ter terminado bem. ;Tive muito medo. Uma experiência horrível.; Ela e o marido viajavam com o filho para Miami e tiveram que remarcar o voo para a noite. ;Ficamos horas de pé no saguão, numa fila quilométrica, com apenas três funcionários da American Airlines atendendo. Havia idosos e crianças sem ter lugar para sentar. Todo mundo se acomodou como pôde. Faltou suporte, orientação, esclarecimento e agilidade;, disse o marido de Mariana, o empresário Eduardo Cozac, de 52.

O policial Flavio Henrique viajava a passeio:

Entre os viajantes que prometeram entrar na Justiça está o ator Felipe Costa, de 31. O brasileiro vive em Los Angeles há oito anos e se disse decepcionado. ;Embarcaram em um avião com problemas de manutenção e puseram nossas vidas em risco. Inadmissível. Poderíamos ter morrido. Além disso, as informações não eram claras. Não nos passaram o que realmente houve.;

[SAIBAMAIS] A aeronave, tripulada por 12 funcionários, ficou durante todo o dia de ontem no pátio 3 do aeroporto, usado para manutenção de aviões, segundo um funcionário do canteiro de obras de uma construtora, ao lado do pátio. ;Quando cheguei para trabalhar, o colega da noite contou que ela foi trazida às 3h30.;

Na nota em que a American Airlines informa que o voo AA 992 retornou ao aeroporto de origem por necessidade de manutenção, não há detalhes sobre o incidente. Segundo a empresa, o pouso ocorreu normalmente, às 23h56. Apesar disso, o registro da Infraero é de 23h59. Ainda segundo a nota, os passageiros receberam assistência e foram reacomodados no voo seguinte, programado para as 20h.

SAIBA MAIS

; Passageiros que se sintam prejudicados em seus direitos como consumidor podem entre em contato com a American Airlines pelo telefone 0300 789 77 78.
; Caso as tentativas de solução com a empresa não apresentarem resultado, podem procurar os órgãos de defesa do consumidor e/ou o Judiciário.
; Dúvidas, reclamações, denúncias, sugestões, críticas ou elogios podem ser feitos à Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) pelo telefone 0800 725 4445.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação