postado em 08/11/2014 18:05
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) pretende construir um centro de parto normal, na cidade do Rio de Janeiro. A unidade será vinculada ao complexo hospitalar que será erguido na Quinta da Boa Vista, na zona norte, e receberá as novas instalações do IFF e do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. A estimativa é que toda a obra custe R$ 600 milhões e seja entregue em 2017.O anúncio da construção do centro de parto normal foi feito pelo presidente do IFF, Carlos Maciel, durante seminário na 9; Conferência: Normal é Natural, em outubro. O objetivo do evento era discutir, com profissionais de saúde, formas de diminuir o número de cesarianas no país. Segundo a Pesquisa Nascer no Brasil: Inquérito Nacional Sobre o Parto e Nascimento, divulgada em 2014, 56% dos nascimentos ocorrem por meio de cesarianas. A média mundial de partos cesáreos é 18%.
[SAIBAMAIS]O centro de parto normal deverá contar com cinco salas para atender 200 parturientes por mês. ;Teremos suítes amplas, que permitam a paciente caminhar, banheira ; para o banho de imersão [que ajuda a aliviar as contrações];, com conforto para os acompanhantes e privacidade;, explicou Maria Auxiliadora Mendes Gomes, responsável pelo projeto do centro. ;São estratégias potentes que favorecem a fisiologia do parto e métodos não farmacológicos para controle da dor;, frisou a especialista.
O Ministério da Saúde, que participa do projeto do complexo hospitalar, ainda deve definir a localização do centro de parto. Há duas possibilidades: dentro do hospital, em um andar independente, ou fora, seguindo modelos mais próximos às casas de partos (que não lembram a estrutura hospitalar), como recomendam especialistas, explicou o diretor do instituto. Procurado, o ministério não esclareceu como a decisão será tomada.
Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Maysa Luduvice atua em parceria com a única casa de parto na cidade, a David Capistrano, na zona norte, e acredita que o novo centro de parto será referência na formação de profissionais e de atendimento às famílias.
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;Temos grande necessidade de formação de profissionais que tenham competência e habilidade para lidar com o parto natural. O modelo de cuidado, com muitas intervenções, como é feito hoje majoritariamente, interfere na saúde do bebê e da mulher;, disse. ;O novo centro colocará em evidência esse processo, de não olhar o parto como uma doença;, destacou.
Para o presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Pedro de Jesus Silva, dar mais conforto às gestantes, com atendimento humanizado e menos intervenções, é fundamental para diminuir o medo do parto e incentivar nascimentos naturais. ;Lutamos muito pela ampliação dos centros de parto. Essa nova unidade deve ser referência na redução das cesarianas no Brasil. As cesáreas são importantes, mas devem ser recomendadas;, disse.
Atualmente, o Instituto Fernandes Figueira é referência para o Ministério da Saúde no atendimento a gestantes de alto risco, crianças e adolescentes e articula a rede de bancos de leite. O instituto atua nas áreas de ensino e pesquisa e foi considerado um ;hospital amigo da criança; pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).