Brasil

Defesa pede tratamento psiquiátrico para acusado de canibalismo

O advogado Rômulo Lyra leu trechos do livro "Relatos de um Esquizofrênico" para embasar a defesa

Diário de Pernambuco
postado em 14/11/2014 19:07
O advogado Rômulo Lyra leu trechos do livro

No segundo dia do julgamento do trio acusado de matar, esquartejar, praticar canibalismo e ocultar o cadáver de Jéssica Camila, de 17 anos, a defesa tentou convencer os jurados sobre a limitação da responsabilidade de cada um dos envolvidos. Enquanto Jorge Beltrão e Bruna Silva, entre risos, aparentaram frieza e indiferença diante da sentença iminente, Isabel Pires chorou. Bruna ainda segurou uma Bíblia.

Em defesa, o advogado Rômulo Lyra leu trechos do livro "Relatos de um Esquizofrênico", de autoria de Jorge Beltrão, para embasar a defesa de Bruna Silva. "Ele sentia cheiro de cio. Bruna tinha medo de morrer, era uma vítima em potencial. Uma prisioneira dele", argumentou. Ainda de acordo com o advogado, a ré pediu o direito de cursar uma faculdade a distância enquanto cumpre pena na Colônia Penal Feminina de Buíque.

Tereza Joacy , que defende Jorge Beltrão, apontado como mentor dos crime, pediu a semi-imputabilidade do acusado para que ele seja tratado como doente e tenha a pena reduzida. Na argumentação, pediu que ele fosse levado para um manicômio judiciário e não presídio comum. "Ele precisa de tratamento, ser acompanhado. Escrever era uma maneira de pedir socorro. A Justiça precisa ser feita nesse caso", disse.

Por sua vez, Paulo Sales, contratado por Isabel Pires, apresentou um vídeo com a entrevista de um dos irmãos de Jorge. No vídeo, ele diz que não tem caso de esquizofrenia na família, que o acusado sempre foi naturalista e evitou comidas com carne e era agressivo. Ainda acrescentou que a cliente era dependente de Jorge, abdicava da estima, dos sentimentos em prol dessa dependência. O advogado defende a tese de que Isabel foi alvo de uma coação irresistível, que é pela absolvição."Ela estava sob ameaça, sob domínio, sob tutela de Jorge". Ainda segundo Paulo Sales, Isabel teria pedido para ficar presa no lugar do acusado para que ele não sofresse.

Durante a réplica do Ministério Público, o comportamento agressivo de Jorge Beltrão, ainda na infância, foi detalhado pelo irmão do acusado. A promotora Eliana Gaia relatou que ele escrevia gibis mencionando o surgimento de uma nova raça. Seria uma criança normal, mas levada. "Ele não respeitava e fazia suas próprias leis. Só levanta essa loucura quando quer se beneficiar financeiramente ou processualmente", complementou citando o relato do familiar do réu. Sobre Isabel Pires, foi categória. "O que ela tem não é amor. É falta de respeito com ela mesma. Não foi para a delegacia porque não quis. Aceitou viver o triângulo amoroso porque era bom para ela. Se não fosse, não aceitava". "Bruna é assim. É a canibal feliz".

Veredito
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) tem direito a duas horas de réplica e os defensores poderão requerer outras duas horas de tréplica com o término do pronunciamento da defesa. Finalizada essa etapa, os sete jurados recolhem-se, em sala reservada, para responder aos questionamentos que definirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Por último, a juíza Maria Segunda retornará ao salão do júri para anunciar a sentença.

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