A combinação do uso de uma substância lícita, porém com um objetivo inadequado, em ambiente insalubre e administrado por profissional não habilitado resultou em um fim trágico. No último mês, pelo menos 14 mulheres relataram ter passado mal e uma morreu após receber uma aplicação de hidrogel para aumentar as nádegas. As histórias viraram caso de polícia. A falsa biomédica Raquel Policena é suspeita de ter injetado a substância nas mulheres em uma clínica de estética em Goiânia. Apesar da repercussão, ainda é grande a desinformação em relação ao uso do hidrogel.
Raquel está presa preventivamente na capital goiana desde a semana passada. Em depoimento à polícia, ela admitiu ter aplicado em diversas mulheres o produto da marca Aqualift, que comprou em São Paulo. Além de Raquel, a polícia suspeita que o namorado dela, Fábio Ribeiro, ajudava a fazer as aplicações. Eles podem ser indiciados por exercício ilegal da profissão e homicídio por causa da morte de Maria José Brandão, um dia depois de fazer a segunda sessão de aplicação da substância. Uma mulher, que mora no Rio de Janeiro, também é investigada por realizar os procedimentos.
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São chamadas de hidrogel diferentes substâncias utilizadas em tratamentos estéticos em forma de gel aquoso. Um dos mais comuns, de acordo com Carolina Marçon, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é o ácido hialurônico. Nos casos apurados pela polícia goiana, a substância verificada foi o polímero de poliamida. Todos eles são absorvidos com o tempo pelo corpo. Alguns demoram mais, como os que estão em investigação, que podem durar cerca de cinco anos. Os temporários permanecem não mais que dois anos no organismo.
Depositado por baixo da pele para preencher sulcos da face, cicatrizes e até celulites profundas nas nádegas, o hidrogel nunca deve ser usado para dar volume expressivo a áreas grandes do corpo, como seios ou nádegas, alerta Carolina. De acordo com a médica, mesmo quando o hidrogel é usado no glúteo, para o preenchimento de celulites por exemplo, a quantidade não pode passar de 200ml. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, João de Moraes Prado Neto, afirma que não se recomenda usar o material pelo risco de infecção. Segundo ele, como o bumbum é uma área vascularizada, há o risco de o produto entrar na corrente sanguínea e não há como retirá-lo. ;Ele é uma solução inadequada para este tipo de procedimento. Não usamos hidrogel de forma nenhuma. Não se usa o material em implante de quaisquer natureza.;
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