postado em 20/11/2014 17:05
Para comemorar o Dia da Consciência Negra, movimentos negros foram às ruas em São Paulo para pedir por reforma política e da mídia, desmilitarização da polícia e pela destinação de mais recursos para as políticas de inclusão social. Cerca de 500 pessoas, segundo a Polícia Militar, participam do ato, que reúne baterias de escola de samba, passistas e baianas, além de religiosos.O ato começou na Avenida Paulista e, neste momento, os manifestantes ocupam um dos sentidos da Avenida Consolação, com destino ao Theatro Municipal, no centro da capital.
Esta é a 11; edição da Marcha da Consciência Negra e, este ano, segundo Dennis Oliveira, coordenador do Coletivo Quilombação, o protesto engloba sete eixos principais de luta: a reforma política, em que pedem o fim do financiamento privado nas campanhas políticas; a reforma da mídia, em que defendem a democratização da mídia; a desmilitarização da polícia e o fim dos autos de resistência; a destinação de mais recursos para as políticas de inclusão social; a implantação das leis antirracismo; o direito de expressão das religiões de matriz africana; e contra o machismo e a violência contra a mulher negra.
;Esta é uma marcha que a gente faz pela décima primeira vez na cidade de São Paulo. O objetivo principal é dizer o que significa a consciência negra não só para nós, negros, como para toda a sociedade brasileira;, disse Flávio Jorge Rodrigues da Silva, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
Segundo ele, o ato vai terminar este ano no Theatro Municipal porque o local é um dos símbolos da luta do movimento negro. ;O Theatro Municipal tem uma importância muito grande para nós, negros e negras, porque foi onde realizamos nossas primeiras manifestações públicas do movimento negro recente, em julho de 1978, nas escadarias do municipal, em plena ditadura;, lembrou.
De acordo com Silva, duas lutas são fundamentais no ato de hoje. A primeira é a reforma política.;Nos sentimos subrepresentados no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais;, disse. A segunda, envolve a juventude negra. ;Há um genocídio da juventude negra brasileira. Então, para nós, a desmilitarização da polícia e o fim dos autos de resistência são questões centrais;, acrescentou.
[SAIBAMAIS]Rafael Costa, da União Nacional dos Estudantes, ainda destacou a questão envolvendo a maioridade penal. ;Também estamos nas ruas para dizer que somos contra a redução da maioridade penal que não só não resolverá o problema de segurança pública como aumentará o encarceramento principalmente da juventude negra e periférica;, disse. ;Está em curso no Brasil um verdadeiro genocídio da juventude negra, onde 75% dos jovens assassinados são negros;, ressaltou.
Antes da caminhada ao Theatro Municipal, quando o ato ainda estava concentrado no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a artista plástica Olívia Vitória fez uma performance tirando toda a sua roupa e a substituindo por colares no pescoço e lenços amarrados na cabeça e na parte de baixo do corpo. Segundo ela, a performance demonstrava um ritual da estética afro. ;Fiz isso em homenagem a Dandara, Zumbi e a todos os meus ancestrais negros;, explicou. ;Vim aqui hoje na tentativa de mostrar para a sociedade o que é a estética afrodiaspórica. Por que as pessoas não se vestem mais assim?;, indagou.