postado em 25/11/2014 19:41
Os muros internos do prédio do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), no centro do Rio de Janeiro, foi o espaço escolhido por um grupo de grafiteiros para expressar, por meio de sua arte, o combate à violência contra a mulher. Cem latas de tintas em spray, 32 metros de parede, muita criatividade e um desejo de um mundo sem diferenças foram suficientes para dar início à campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.Os grafites foram inspirados na Plataforma de Pequim, apresentada em 1995 na 4; Conferência Mundial sobre as Mulheres, na capital chinesa. A grafiteira Panmela Castro, presidenta da Nami, rede feminista de arte urbana que usa o grafite para promover os direitos das mulheres, disse que esse tipo de mobilização é importante para refletir sobre os avanços alcançados.
;É importante para ver o que a gente conseguiu mudar e o que ainda tem que ser mudado. Do que a gente planejou de conquista. Será que a gente conseguiu atingir, será que ainda tem muito para mudar? O que nós mulheres queremos? Hoje é uma oficina onde as pessoas podem expressar por meio do spray o entendimento delas a respeito da temática;.
A gerente de Programas do escritório da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, ressaltou que o mundo discute, no momento, a agenda de desenvolvimento pós 2015, quando vence o prazo estipulado para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). De acordo com ela, a ideia é que a igualdade de gênero esteja entre as novas metas.
;Os países estão acelerando as suas ações para cumprir as metas dos ODMs e, ao mesmo tempo, será definido a agenda pós 2015. Então a ONU Mulheres lançou globalmente a campanha Empoderar as Mulheres. Empoderar a Humanidade. Imagine, que é a celebração dos 20 anos de Pequim e também uma análise de qual rota seguir nos próximos anos, de forma que seja um processo que informe a elaboração dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para que saia de lá com um objetivo específico de igualdade de gênero e o tema transversalizado nos demais;.
A discussão de Pequim%2b20 já começou e tem no ano que vem dois momentos definidos: a reunião da Comissão das Nações Unidas Sobre o Status da Mulher, que ocorre sempre no mês de março na sede da ONU em Nova York, e a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. De acordo com Ana Carolina, não será feita uma nova conferência das mulheres porque o atual instrumento de luta continua válido.
;Decidiu-se por fazer uma série de eventos e uma campanha global em que seja difundido o instrumento, porque consideramos que ele é atual. Apesar dos avanços que tivemos, ele continua sendo o instrumento que dá conta da complexidade e dos pontos em que precisamos avançar. As demandas não mudaram muito, infelizmente;, disse.
No Rio de Janeiro, a Praça Condessa Paulo de Frontin, no Rio Comprido, recebe no dia 28 o evento Cine Mulheres na Praça, com a exibição do filme Minha Mãe É uma Peça, e um debate sobre a violência contra a mulher. No dia 5 será a vez do Parque Madureira. No dia 1; será lançado o Grupo de Trabalho Feminização do HIV/Aids, na Cinelândia. A prefeitura também promove, no dia 4 de dezembro, o seminário Violência contra as Mulheres: Por quê?, na Caixa Econômica.
De acordo com a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Ana Rocha, o objetivo é dar visibilidade ao tema e apontar soluções. ;Vamos debater de forma geral os por quês da violência, os avanços e os desafios da Lei Maria da Penha e a transversalização no combate à violência: violência no trabalho, na política, na mídia;.
Além dos grafites feitos hoje, também foi inaugurada no Cedim a exposição itinerante Pequim%2b20 em Graffiti, com a reprodução das 12 telas lançadas em março, em Brasília, e que mostram os 12 temas prioritários da plataforma de ações.