Mateus Parreiras/Estado de Minas
postado em 26/11/2014 11:28
Moradores dos 34 municípios que compõem a Região Metropolitana de Belo Horizonte experimentaram em uma década melhorias em educação, renda e expectativa de vida, que levaram a Grande BH a saltar do quinto melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil para o quarto lugar. É o que mostra a variação entre 2000 e 2010, considerando 16 regiões metropolitanas de capitais brasileiras e do Distrito Federal, medida pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Fundação João Pinheiro, que divulgaram, ontem, o Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.Considerado o aglomerado urbano que tem BH como centro, Nova Lima foi a cidade que apresentou melhor qualidade de vida. Em geral, na década analisada os municípios mineiros conseguiram extirpar índices considerados muito negativos e ampliar indicadores mais altos, sendo que 14 deles tiveram melhora acima de 20%. Os bairros da Região Centro-Sul de BH estão entre os de melhores condições e os da periferia de Santa Luzia, entre os piores. Apesar da melhoria de indicadores, a desigualdade ainda é marcante na região, com comunidades mais prósperas ostentando índices até 60% superiores aos das mais humildes, criando contrastes entre municípios e até entre bairros.
O IDHM é composto de três parâmetros: longevidade, acesso à educação e renda. O índice tem pontuação máxima de 1 e piora ao se aproximar de zero. Pelo IDHM absoluto, a Grande BH chegou a 0,774 pontos, aumento de 13,5% considerando o índice de 0,682 de 2000, ultrapassando o antigo quarto colocado, Porto Alegre, que despencou para a nona posição. A diferença para a melhor região metropolitana, a de São Paulo, com 0,794, caiu de 0,032 para 0,020 ponto. De acordo com a avaliação dos pesquisadores que montaram o atlas, a educação foi o quesito que mais impulsionou a melhoria da posição da Grande BH, com crescimento de 26,4%, passando de 0,549 para 0,694 no período, seguido pela longevidade, com alta de 8,3%, de 0,784 para 0,849, e renda, que subiu 7%, de 0,682 para 0,774.
Pelo mapa formado pelas áreas de IDHM bom e ruim da Grande BH, percebe-se que no ano de 2000 as manchas com o melhor conceito, o considerado ;muito alto; (acima de 0,800), se espalhavam por Belo Horizonte, Nova Lima e Brumadinho, com enclaves em bairros nobres de Contagem, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves. Dez anos depois, a mancha de desenvolvimento se alastrou para áreas de Betim, Caeté, Esmeraldas, Mateus Leme, Pedro Leopoldo, Sabará e Vespasiano.
O menor IDHM de 2000, com índices inferiores a 0,499 e conceito ;muito baixo;, se encontrava espalhado em bairros de periferia de Belo Horizonte, Betim, Caeté, Contagem, Esmeraldas, Ibirité, Lagoa Santa e Santa Luzia. Uma década depois, não foi registrado nenhum espaço com esse tipo de condições, consideradas péssimas. Santa Luzia tem áreas uma categoria acima do pior indicador, com conceito ;baixo; (entre 0,500 e 0,599). ;O conceito ;muito alto; descreve lugares onde há capacidade de prosperidade, equidade e inclusão para o maior número de pessoas da comunidade, sendo que abaixo disso temos mais pobreza, mais desigualdades e maior grau de exclusão dos habitantes;, afirma Vera Castilho, pesquisadora que trabalhou no atlas.
NOVA LIMA
A fórmula de Nova Lima para ultrapassar a capital mineira foi a melhora expressiva em todos os quesitos avaliados. Em um município que experimentou na década estudada um crescimento expressivo de condomínios e de empreendimentos de alto padrão, os nova-limenses tiveram a expectativa de vida ampliada em 5,63 anos, passando para 78,10 anos, enquanto os vizinhos belo-horizontinos, ainda que contando com aumento de 6,34 anos, chegaram a uma idade média menor, de 76,37. A renda per capita de Nova Lima é de R$ 1.731,84, enquanto na capital não passa de R$ 1.497,29. No caso da frequência escolar, o índice dos nova-limenses aumentou de 9,16 para 9,38 anos, considerando alunos até 18 anos, enquanto na capital caiu de 10,14 para 9,87 anos.
O município que mais evoluiu no IDHM foi Jaboticatubas, com o índice saltando de 0,524, em 2000, para 0,681. A expectativa de vida, que aumentou de 69,19 para 75,19 anos e a renda per capita, que saltou de R$ 376,10 para R$ 602,48 (60% de aumento), foram os principais fatores para o desempenho. Apesar de apresentar o pior índice entre os 34 municípios da Grande BH, Rio Manso foi o segundo que mais evoluiu, melhorando em 29% sua qualidade.
Todas as 16 regiões metropolitanas brasileiras apresentaram índice de alto desenvolvimento, acima de 0,700. Entre 2000 e 2010, a diferença entre a região metropolitana de mais elevada posição (São Paulo), e a mais baixa, que continua sendo Manaus, caiu de 22,1% para 10,3%, mostrando redução na desigualdade.