Brasil

Cadeirante não vai processar Gol e diz que intenção é conscientizar

Na falta de um equipamento que a ajudasse a entrar na aeronave, Katya Hemelrijk da Silva se arrastou por uma escada para que pudesse embarcar

postado em 02/12/2014 17:59
A imagem de uma cadeirante se arrastando para subir a escada de um avião ganhou repercussão na internet, nesta terça-feira (2/12). Muitas pessoas comentaram que a situação era absurda e que a passageira deveria tomar atitudes contra a companhia aérea. No entanto, Katya Hemelrijk da Silva escreveu uma mensagem nas redes sociais para colocar um ponto final no burburinho. Ela não pretende processar a Gol e esclarece que não quer criar nenhum sensacionalismo com o ocorrido.

Na falta de um equipamento que a ajudasse a entrar na aeronave, Katya Hemelrijk da Silva se arrastou por uma escada para que pudesse embarcar

"O que eu quero é que as pessoas tenham uma consciência e conhecimento maior sobre como lidar com pessoas com necessidades especiais, seja ela qual for", escreveu ela no perfil do Facebook. A intenção é ajudar a companhia a se "estruturar melhor, frente às adversidades que podem aparecer em qualquer momento", explica.

[SAIBAMAIS]O voo saiu de Foz do Iguaçu em direção a São Paulo, às 5h29 dessa segunda-feira (1;/12). O equipamento Stair Trac, usado para levar clientes com necessidades especiais até o interior da aeronave, estava indisponível. Katya foi orientada a viajar em outro horário, para que a Gol pudesse resolver o problema. A mulher, no entanto, vestiu uma calça e subiu as escadas sozinha.

Ela disse que a tripulação e os demais funcionários foram muito atenciosos e ajudaram no que foi preciso, "inclusive resgatar a mala que já estava despachada para que eu pegasse uma calça", desabafou Katya. Ela tem Osteogenisis Imperfeita, uma condição em que os ossos quebram com facilidade. Por esse motivo preferiu subir as escadas sozinha, ao invés de ser carregada, para evitar algum ferimento indesejado.

Confira a mensagem na íntegra:

"Pessoal, entendo e respeito a opinião de todos em relação ao post que coloquei ontem sobre o meu retorno de Foz pela Gol.

Vou apenas esclarecer o ocorrido para que todos fiquem na mesma página e que as fofocas e maldades parem de correr na rede social.

Já conversei com a Cia Aérea GOL e disse não tenho a mínima intenção em processar ou fazer nenhum tipo de sensacionalismo com a situação. Minha intenção é aproveitar o ocorrido para tentar ajuda-los a se estruturar melhor, frente às adversidades que podem aparecer em qualquer momento (mesmo porque estamos prestes a receber uma Paraolimpíada). Processar a Gol, seria apenas mais um processo para uma empresa desse porte. O que eu quero é que as pessoas tenham uma consciência e conhecimento maior sobre como lidar com pessoas com necessidades especiais, seja ela qual for. É bem mais simples do que muitos imaginam.

Para que as pessoas entendam, eu tenho Osteogenisis Imperfeita (Ossos de Vidro) ; traduzindo, meus ossos quebram com facilidade. O fato de ser carregada por qualquer pessoa, inclusive pelo meu marido em uma situação como essa (escada íngreme, com piso de alumínio e úmida devido ao sereno da madrugada), gera um risco que eu não estou disposta a correr. Na falta de alternativas mais seguras para subir na aeronave (cadeira startrack que estava descarregada e ambulift), tive como premissa, subir as escadas de bumbum, já que já me encontro no chão (sem risco de queda) e os movimentos estão sob o meu controle, já que só eu conheço os meus limites físicos. Por isso, não deixo que ninguém me segure, aperte ou pegue de forma errada, afinal de contas, tenho 2 filhos para criar e preciso estar inteira!

Sim, eu pedi que meu marido tirasse a foto e pediria em qualquer situação: subindo carregada na cadeira, no colo ou aguardando na sala de embarque por 4 horas até a cadeira carregar, assim como tb já tirei e postei a foto, subindo em uma startrack, feliz da vida!

A cia aérea Gol foi extremamente atenciosa, tanto no momento do ocorrido quanto depois. Em nenhum momento ninguém se alterou, prontamente pegaram a minha mala que já estava despachada para que eu colocasse uma calça e pudesse subir de forma mais confortável.

De fato é uma situação constrangedora e desnecessária, por isso pedi para ser a última a embarcar, assim não teria tanta ;plateia; e poderia subir mais tranquila.

Quem não viveu o momento não sabe o que está falando e em que condições estão julgando.
Espero ter esclarecido todas as dúvida"


Por meio de nota, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes admite que equipamento da base de Foz de Iguaçu não estava disponível e por isso não pôde ser utilizado durante o embarque. "A Gol lamenta o ocorrido e informa que tomará as medidas necessárias para evitar que casos como este voltem a acontecer", finalizou.

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