Agência France-Presse
postado em 04/12/2014 20:46
Várias empresas europeias suspenderam a compra de madeira da Amazônia brasileira comercializada pela serralheria Rainbow Trading Importação e Exportação LTDA, denunciada pelo Greenpeace/Brasil por vender madeira extraída ilegalmente da floresta.As empresas holandesas Stiho e LTL Woodproucts e a francesa Rougier Sylvaco pararam de trabalhar com a Rainbow Trading no estado amazônico do Pará até que a empresa esteja fora de investigação, informou a ONG enviado à AFP nesta quinta-feira.
Na Suécia, o importador Interwood disse que não comprará mais madeira da Rainbow e que deixará também de importar o valioso ipê amazônico - muito cobiçado na Europa, sobretudo para construir deques de piscinas, cujo valor pode chegar a 3.200 dólares o metro quadrado -, já que não consegue verificar a legalidade do produto.
Da mesma forma, "seis contêineres da Rainbow Trading foram bloqueados pelas autoridades belgas. A entrada de sua madeira é proibida no mercado até que as autoridades competentes investiguem a fundo o carregamento", informou o Greenpeace, destacando, ainda, que a Rainbow Trading acumula dívida de 500.000 reais (193.000 dólares) com instituições ambientais brasileiras.
"Suspendendo a compra de madeira da Amazônia, os mercados enviam uma mensagem muito clara de que toda a cadeia está contaminada, já que o risco de ilegalidade é alto demais", comemora o Greenpeace no texto, onde também pediu a Brasília que faça "uma sólida reforma no sistema de controle".
Em 15 de outubro, o Greenpeace/Brasil denunciou que árvores cortadas clandestinamente na região de Santarém (Pará) são transportadas durante a noite a serralherias que tratam e exportam a madeira para a Europa como se sua origem fosse legal.
Santarém concentra o principal polo da indústria madeireira do Pará, estado que produz e exporta mais madeira da Amazônia.
A investigação do Greenpeace - que escondeu aparelhos de GPS debaixo dos caminhões que transportam madeira para vigiar seu trajeto - revelou, ainda, "que os documentos oficiais não são, nem sequer, capazes de garantir a origem legal da madeira".
"Ao manter as portas abertas à madeira ilegal, o mercado se torna cúmplice da destruição na Amazônia", avaliou a ONG na ocasião.
Segundo dados do instituto Imazon, entre agosto de 2011 e julho de 2012, 78% das zonas de atividade florestal no Pará não tinham autorização para cortar madeira.
O Greenpeace lançou em maio a campanha "A crise silenciosa na Amazônia" e denunciou que de 20% a 40% da madeira importada para a Europa são de origem ilegal.