postado em 16/12/2014 16:31
O comandante-geral da Polícia Militar (PM), Ibis Pereira, comemorou nesta quarta-feira (16/12) o fato de não ter havido confronto na desocupação de uma fábrica de tecidos no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. Policiais chegaram ao local às 4h e, antes das 11h, as cerca de 400 famílias já haviam saído do terreno para serem cadastradas em programas sociais."Eu acho que foi uma vitória da democracia. A operação de hoje é uma prova de como a polícia tem que trabalhar em uma democracia, esgotando ao máximo a capacidade de diálogo e utilizando a força em último caso. A desocupação de hoje, considero uma vitória de todos nós, que queremos viver em uma cidade mais pacífica e que acreditamos na democracia", disse Ibis, ao afirmar que as pessoas viviam em extrema pobreza e "condições indignas".
De acordo com o presidente da Associação de moradores da Comunidade Nova Tuffy, Carlos Alberto da Conceição, a desocupação foi aceita pacificamente diante da promessa de que "ninguém ficaria na rua": "Estamos saindo numa boa porque falaram que iam cadastrar e ver a moradia", disse o líder comunitário. Os moradores foram levados para o Olaria Atlético Clube, onde foi feito um cadastramento socioeconômico para identificar casos de pessoas que podem ser inscritas em programas sociais.
A ocupação da fábrica durou nove meses e, desde a decisão judicial que determinou a reintegração de posse, em maio, a desocupação estava sendo programada. O presidente da associação de moradores se queixa de que não houve cadastramento antes da operação. "Ficou só na promessa", disse ele.
O relações públicas da PM, coronel Cláudio Costa, afirmou que as famílias foram avisadas da operação na semana anterior e, antes mesmo do cumprimento da reintegração de posse, muitas deixaram o local. "Houve uma grande saída ontem e outra hoje cedo, antes da reintegração."
O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, Aderson Carvalho, acompanhou a operação e também afirmou que os três representantes da ordem que estavam no local não receberam relatos de violência física. No entanto, ele destacou que é preciso cobrar a garantia de moradia as famílias que deixaram o local. "Vamos cobrar moradia para estas pessoas. Esta é a preocupação a partir de agora. Pelo que tive informação, não houve nada grave, mas registramos reclamações em relação à moradia."