Brasil

Universidade em Santa Catarina oferece vagas gratuitas para haitianos

Por meio do programa ProHaiti, 39 alunos foram selecionados em 2014 para 12 cursos

postado em 12/01/2015 10:44

Chapecó (SC) - Estudante haitiano durante aula do curso de letras na Universidade Federal da Fronteira Sul

O sonho de muitos imigrantes haitianos de frequentar cursos de nível superior, algo muito difícil no país de origem, transformou-se em realidade para os primeiros estudantes selecionados num processo especialmente formulado para recebê-los. A iniciativa é da Univerdidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), presente nos três estados do Sul ; Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ;, no município catarinense de Chapecó.

[SAIBAMAIS]Por meio do programa ProHaiti, 39 alunos foram selecionados em 2014 para 12 cursos. Segundo o vice-reitor da universidade, Antonio Inácio Andreoli, havia mais vagas, mas muitos inscritos não tinham como comprovar, com documentação, o término do ensino médio no Haiti. Ele explicou que o acolhimento aos haitianos faz parte da própria filosofia de criação da UFFS, de inclusão social.

;A universidade foi construída pelos movimentos sociais da região. E trouxe, desde o início, uma proposta de inclusão que é colocar 90% de suas vagas para estudantes de escolas públicas. Além disso, aderimos a todas as políticas de cotas. Para nós, isso representava o desafio de integrar outros grupos sociais, como os haitianos. Em conversa com a Embaixada do Haiti criamos um processo seletivo especial. Também abrimos vagas para os haitianos em pós-graduação", disse Inácio Andreoli.

A inclusão dos imigrantes à sociedade brasileira, principalmente no Sul, é um dos pontos de interesse da pesquisadora da UFFS Sandra Bordignon. Segundo ela, a chegada dessa população tem um forte componente de interesse econômico, especialmente dos frigoríficos da região que enfrentam dificuldade em atrair mão de obra dos moradores locais. ;A demanda por trabalho é bem grande aqui. Não existe mais mão de obra, em função do êxodo rural, da maior escolarização e da melhor qualificação. Aí as pessoas não estão mais se sujeitando a trabalhar nos frigoríficos. A gente tem um percentual de 3,5% a mais de vagas de emprego sobrando.;



Mas, se pelo ponto de vista econômico os haitianos são bem vistos, quando a questão é social a situação muda de figura, de acordo com ela. ;A xenofobia existe. É velada. Mas a gente percebe. Ela vem em função da pele. Quando as pessoas conhecem eles, isso vai se amenizando. Porém, em um primeiro momento, as pessoas discriminam realmente;, declarou Sandra.

Um dos estudantes selecionados foi Jean Joseph Dor, que cursa letras. Antes de chegar ao Brasil, morou por um tempo no Chile. ;Meu sonho sempre foi conhecer o Brasil. Além do futebol, que nos encanta, a economia está boa. Também tem mais chances de estudar de graça, o que eu não tinha lá.; Outras informações sobre a UFFS podem ser obtidas na página da universidade na internet.

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