O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Benedito Braga, disse nesta sexta-feira (16/1), em Brasília, que as obras para a interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul devem começar ainda este mês. Após reunião com representantes da Agência Nacional de Água (ANA) e dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Braga afirmou que o encontro foi ;cordial; e analisou ;dados técnicos;.
;A interligação está sendo trabalhada. O governador [Geraldo] Alckmin esteve no ano passado com a presidenta Dilma [Rousseff] e chegaram a um acordo de financiamento e de colocação dessas obras prioritárias no regime do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Então, essas obras [para interligação] devem ter início muito proximamente até o final desse mês ou no início do mês que vem;, informou o Benedito Braga.
No encontro dos representantes dos três estados e da agência foi discutido, também, um plano de segurança hídrica para a Bacia do Rio Paraíba do Sul. O secretário ressaltou que, dos debates técnicos, será elaborada uma resolução com propostas concretas. Antes em vigor, o documento será debatido com a sociedade por meio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
De acordo com o secretário, o processo de interligação não comprometerá o abastecimento do Rio de Janeiro e deve começar a funcionar a partir de março do ano que vem. ;Não entendo porque cobertor curto, não se trata disso, absolutamente. A ideia é aumentar a segurança hídrica da Bacia do Rio Paraíba do Sul. Ou seja, vamos armazenar as águas nos reservatórios para que o Rio de Janeiro tenha segurança hídrica. Vamos interligar a Bacia do Rio Jaguari com o Sistema Cantareira para que São Paulo tenha segurança hídrica. Não há conflito nenhum;, disse Braga. ;O que há é cooperação, interesse de trabalhar junto;, acrescentou.
Com a interligação será construído um novo reservatório que bombeará água para o Cantareira. O projeto apresentado no ano passado pelo governador Geraldo Alckmin prevê a construção de um canal entre as represas Atibainha, que integra o sistema que abastece a grande São Paulo, e o reservatório Jaguari, um dos afluentes do Paraíba do Sul, principal fonte de abastecimento do Rio de Janeiro e que também abastece Minas Gerais.
A ideia, conforme a proposta paulista, é construir um sistema de ;mão dupla;. Ou seja, quando um dos reservatórios tiver excedente de água, o volume será enviado para a outra represa. A interligação, no entanto, teve resistência por parte do Rio de Janeiro, já que dois terços das águas do Rio Paraíba do Sul são desviadas para garantir o abastecimento da região metropolitana do Rio de Janeiro. O rio, que nasce em São Paulo, atravessa os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, contribui para o abastecimento de 15 milhões de pessoas por onde passa.
Enquanto a interligação não entra em funcionamento, o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo disse que São Paulo investirá na construção de sistemas para tratamento de água de esgoto. ;Até lá a situação é bastante complexa, temos algumas alternativas na área do reuso de água dos esgotos. Isso é um ponto que pode ser jogado nos reservatórios. São obras de execução mais curta, mas que ainda levam uns seis meses;.