postado em 24/01/2015 12:31
O governo do Rio de Janeiro precisa, urgentemente, implantar ações de despoluição de rios ou pelo menos remover os poluentes de rios e riachos nas proximidades da captação do Rio Guandu, como o Rio dos Poços, por exemplo. Com isso, diminuiria de 110 metros cúbicos por segundo (m;/s) para 45 m;/s a necessidade de água tirada do sistema para diluir e tratar esgotos, disse à Agência Brasil o professor Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) - unidade do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).Segundo ele, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) precisa de pelo menos 90 m;/s de água para diluir 2 m;/s de esgoto. "Isso é um tiro no pé do Rio de Janeiro, que tem a fragilidade intramuros de uma obra orçada, na década de 1970, em R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões, e que agora deve ficar entre R$ 45 milhões e R$ 50 milhões;, estimou. A obra pode ser feita em seis meses e, embora não trate a poluição do Rio dos Poços, não deixa ele chegar ao local onde é feita a captação de água da Cedae, no Rio Guandu.
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Ele admite que a medida traria problemas de salinização dos rios que afetaria algumas indústrias instaladas na região, mas destacou que a prioridade, no momento, é o abastecimento humano. ;A gente não tem que pensar em outra coisa que não seja isso este ano. Os demais usos vão ter que esperar;. Como o Rio de Janeiro importa quase tudo que consome, Freitas estima que a economia fluminense, em especial a agricultura não deve sofrer grandes impactos.
Outra providência a ser tomada é em relação às perdas, disse o professor da UFRJ. Segundo ele, 50% dos 45 m;/s de água usados para diluir esgoto viram perdas, das quais 10% equivalem a perdas econômicas causadas por ligações clandestinas, os chamados gatos, e 40% são perdas físicas.
Marcos Freitas reconhece que há um longo caminho para que as perdas atinjam o nível de 6%, registrado no Japão. Ele avaliou que se poderia traçar para 2014 a meta de 30% de perdas, aproximando-se do nível de 20%, praticado no Paraná. "Investir em redução de perdas é importante e a gente tem que conviver com isso porque, do contrário, daqui a pouco a gente vai ser pressionado por São Paulo e demais usuários da Bacia do Paraíba do Sul como perdulários, que estamos usando água boa para diluir esgoto e perdendo parte da água tratada;, advertiu.
Outra parcela importante do problema são os consumidores, com destaque para os residenciais, que constituem ;o lado mais delicado da situação;, disse o professor. Não existe, segundo ele, conscientização da população sobre a necessidade de economizar água. Um dos empecilhos para que as pessoas poupem mais água é que a maior parte das moradias do Grande Rio é constituída de prédios nos quais não há medição individual de água. A medição é geral. A hidrometração individualizada é coisa recente nas grandes cidades. Daí, a população ignorar quanto gasta em termos de água.
Água
Se essa conta, que hoje é dividida pelo condomínio, fosse colocada em cada unidade residencial pesaria diretamente no bolso do consumidor que ficaria mais atento às perdas de água. ;Aí, os efeitos tarifários seriam mais perceptíveis;, disse o professor da UFRJ. Freitas acrescentou que resolvendo essas três variáveis ; poluição, perdas e consumo ; ;você conseguiria aguentar o ano seco;.
Não havendo nenhum dos três esforços necessários, ;a gente pode chegar ao meio do ano já com racionamento no Grande Rio e em parcelas do Rio Paraíba do Sul, como São Fidélis, por exemplo, (no norte do estado), que já está com uma situação delicada;, manifestou.