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Chuva atinge cerca de 300 imóveis e deixa ruas alagadas na Zona Leste de SP

A algumas áreas, o acesso só é possível de bote. Chuva atinge a região desde a noite de segunda-feira

postado em 18/02/2015 12:43
A situação dos moradores do bairro Vila Itaim, na zona leste da capital paulista, ainda é crítica em razão da chuva que atinge a região desde a noite de segunda-feira (16/2). De acordo com a prefeitura, a área afetada é uma ocupação irregular que fica em uma região de várzea do Rio Tietê. Entre 250 e 300 imóveis foram atingidos pela chuva, em 18 ruas que estão parcialmente alagadas, segundo estimativa do governo municipal. Hoje de manhã, foi montado um posto da Defesa Civil e da Assistência Social na Rua Aramaçã para atendimento às famílias ilhadas. A algumas áreas, o acesso só é possível de bote.

Um dos moradores que procurou o posto móvel montado pela prefeitura foi Rodrigo Gomes, 26 anos, para solicitar um atestado e justificar a ausência no trabalho. Ele contou que a esposa torceu o pé na área do alagamento. ;Moro aqui desde que nasci. Isso aqui acontece sempre. Em 2009 foi a pior;, relatou ele, que trabalha na limpeza de bueiros. Rodrigo mostra a perna para indicar a altura em que a água subiu na sua casa, mas explica que nos vizinhos atingiu acima do joelho. Ele avalia que o fato de a água vir do Rio Tietê representa um risco adicional para a saúde. ;Da outra vez, tive uma infecção no pé, dava para ver o osso;, lembrou.

O subprefeito de São Miguel Paulista, Adalberto Dias de Souza, esteve hoje no local para avaliar os estragos e as medidas necessárias às famílias. Ele avalia que o ideal seria retirá-las da área alagada, pois nova chuva pode tornar mais grave a situação. ;Os moradores que não querem sair de suas casas estão sendo respeitados. Vamos prestar apoio para que passem por mais este transtorno;, declarou. Para os que decidirem deixar as casas, será oferecido abrigo e bolsa aluguel. Ele informou que os moradores estão sendo cadastrados e serão isentos do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).



A doméstica Eliane Graciete, 45 anos, mora na área há sete anos e já passou por situação parecida. ;Todo ano é a mesma coisa. No quintal de onde eu moro, subiu água até o joelho. Na casa mesmo, deu para salvar, mas minha irmã perdeu tudo;, relatou. Ela conta que a falta de energia elétrica na madrugada de segunda-feira (16) impediu que alguns moradores retirassem seus móveis. O aposentado Roberto Ramos, 75 anos, dos quais 53 anos na mesma casa, teme que nova chuva agrave a situação no bairro. ;Antes, a água não chegava aqui, mas agora já alagou. Está piorando;, avaliou. Ele mora com a mulher e uma filha.

Souza disse que a prefeitura solicitou ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) do governo estadual a abertura das comportas da barragem da Penha, mas o pedido não foi atendido. ;Por mais que falem que não está intervindo, por que não abrem? Se falam que não faz diferença, então que abram as barragens, baixem tudo que é possível. Tenho certeza que essa água vai escoar mais rapidamente;, apontou. A Agência Brasil procurou o Daee para que o órgão se posicionasse, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.

Além disso, prefeitura e governo estadual divergem em relação aos encaminhamentos para a construção de um pôlder (terreno protegido por diques contra inundações) na Vila Itaim. Ele foi anunciado em 2013 pelo prefeito Fernando Haddad e pelo governador Geraldo Alckmin como medida para solucionar o problema das enchentes na área. Segundo a prefeitura, o governo do estado deveria ter apresentado o projeto da obra para que fosse possível remover as moradias do local. O estado, por sua vez, informou que aguarda o reassentamento de 250 famílias e que o projeto básico já foi entregue.

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