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Polícia do Pará busca suspeitos de assassinato de família a golpes de foice

De acordo com a polícia, o antigo proprietário do lote localizado na Fazenda Estiva, em processo de desapropriação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2012, não aceitava perder a terra.

postado em 20/02/2015 15:52

A Policia Civil do Pará, com o apoio da Delegacia de Polícia Agrária do município de Redenção, ainda buscam, com auxílio de um helicóptero, três suspeitos de participação no assassinato de seis pessoas da mesma família, a golpes de foice ; entre elas uma criança de 10 anos e três adolescentes com idade entre 13 e 15 anos ;, na madrugada da terça-feira (17). A chacina ocorrida na zona rural da divisa entre os municípios de Rendenção e Conceição do Araguaia, a cerca de 1,1 mil quilômetros de Belém, capital do estado, e teria sido motivada por disputa de terra, segundo a polícia civil.

Após prender um suspeito de ter colaborado com os criminosos, desde terça-feira (17) os policiais fazem buscas na região, de mata e igarapés, para tentar cumprir os mandados de prisão expedidos contra Dinho Santos, apontando como mandante do crime e ex-dono do terreno, e os irmãos identificados como Tonho e Jonhe, suspeitos de terem executado a chacina.


De acordo com a polícia, o antigo proprietário do lote localizado na Fazenda Estiva, em processo de desapropriação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2012, não aceitava perder a terra. Ele teria contratado dois capangas para retirar a família do local. A polícia não conseguiu esclarecer, ainda, porque a família foi brutalmente assassinada em vez de ter sido expulsa do local.

Segundo as investigações, os suspeitos de executarem a família viviam pela cidade e desapareceram logo após o crime. As vítimas moravam no lote, em um barraco de madeira, a cerca de duas semanas. De acordo com as investigações, os suspeitos teriam invadido a casa, amarrado a família e depois levado as vítimas para a mata próxima a um igarapé, onde executaram as vítimas. Preliminarmente, apenas o agricultor Washington da Silva, de 40 anos, tinha marcas de tiro pelo corpo.



Os corpos foram encontrados na madrugada de terça-feira (17) depois que agricultores da região informaram a Polícia Militar sobre o desaparecimento das seis pessoas. Os militares foram ao lote e encontraram o local abandonado. Ao iniciar as buscas, localizaram o corpo da agricultora Leidiane Soares, de 30 anos, com as mãos amarradas, na margem de um igarapé. Em seguida, os demais corpos foram localizados com o auxílio de homens do Corpo de Bombeiros.

Em nota, o ouvidor Agrário Nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, Gercino José da Silva Filho, repudiou o ato de violência e convocou, para o dia 4 de março, reunião da comissão para tratar do assunto.

;A ouvidoria reitera que irá atuar em todas as instâncias necessárias para que os responsáveis pelo ato criminoso, hediondo, sejam punidos na forma da lei;, diz o trecho da nota divulgada pelo órgão. A comissão é composta por representantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, dos ministérios da Justiça, do Meio Ambiente, da Secretaria de Direitos Humanos, da Defensoria Pública da União, do Conselho Nacional de Procuradores Gerais, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Incra.

De acordo com o Incra, a Fazenda Estiva, de propriedade de Ricardo Rocha Lima Paranhos, com área de 2.830 hectares, foi declarada de interesse social para fins de reforma agrária em 22 de dezembro de 2010. O valor da área, com as benfeitorias, foi calculado em R$ 5,6 milhões.

Em 17 de dezembro de 2012, o Incra protocolou ação de desapropriação na Justiça Federal da Subseção Judiciária do município de Redenção. Passados dois anos, ainda segundo o Incra, a Justiça estadual homologou acordo entre o Estado e o dono da área. No início de fevereiro, o processo voltou para a sede do Incra, em Brasília, para emissão do Título da Dívida Agrária (TDA), documento que estabelece a forma como será feito o pagamento pelo Estado ao proprietário da área.

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