Warner Bento Filho
postado em 14/03/2015 11:40
A sexta-feira 15 de março de 1985 amanheceu cinzenta em Brasília. Havia chovido forte na noite anterior. Mas a ausência de cores se devia mais a incertezas políticas do que às condições do tempo. O primeiro presidente civil eleito, depois de 20 anos de governos militares, deveria tomar posse naquela manhã, em sessão no Congresso Nacional. Em vez disso, estava sobre uma maca na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base e jamais ocuparia o Palácio do Planalto. O fato marcaria a história política brasileira pelos 30 anos seguintes, deixando incompleto o processo de redemocratização do país.
Tancredo Neves havia sido operado às pressas durante a madrugada para a retirada de um tumor no intestino. Depois da cirurgia, teve crises respiratórias, hipertensão e taquicardia. O quadro piorou ainda mais nos dias seguintes. Foi transferido para o Instituto do Coração, em São Paulo, mas morreu 39 dias depois da primeira cirurgia, em 21 de abril.
Governador de Minas Gerais, ministro de Getúlio Vargas, primeiro-ministro do curto período parlamentarista de João Goulart, agora vitorioso no colégio eleitoral, Tancredo de Almeida Neves encarnava a esperança de milhões de brasileiros pela redemocratização depois de 20 anos. Esse homem, que havia completado 75 anos em 4 de março, nunca assumiria o cargo para o qual foi eleito. Sua morte deixava no ar uma grande interrogação, que até hoje faz sombra sobre o cenário político do país.
;Foi uma situação extremamente interessante, delicada e perigosa;, resume o ministro do Trabalho nomeado por Tancredo Neves, o advogado e ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Almir Pazzianotto. No lugar de Tancredo, assume o vice, José Sarney, que cumpre cinco anos de mandato, convoca uma Constituinte, enfrenta milhares de greves e um período de hiperinflação. Na tentativa de vencer a crise, edita dois planos econômicos, Cruzado 1 e Cruzado 2.
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