postado em 09/04/2015 10:50
O Brasil atingiu apenas duas das seis metas estabelecidas na Cúpula Mundial de Educação establecidas em 2000, revela relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Dos 164 países que assinaram o documento assinado em Dakar, no Senegal há 15 anos, apenas 1/3 alcançou todos os objetivos. A estimativa é que apenas metade de todas as crianças em países de baixa renda completarão as séries iniciais de educação secundária até 2030.
Nos últimos 15 anos, o Brasil foi bem-sucedido em universalizar o acesso à educação primária (1; ao 5 ano do ensino fundamental) e na melhoria da igualdade de gênero. Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e melhorar a qualidade da educação continuam a ser desafios para o país. O Brasil também não conseguiu reduzir em 50% o anafalfabetismo de adultos entre 2000 e 2015.
;O Brasil tem um desafio grande de universalizar a alfabetização de adultos, que é uma das metas, e a questão da qualidade da educação, que é a gente melhorar a formação dos professores, incluindo novas tecnologias de comunicação e informação, melhorar a estrutura, ampliar a matrícula na educaçaõ pré-primária;, afirma Rebeca Botero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil. Ela reconhece, contudo, avanços em diversos aspectos e lembra que a dimensão continental do país e diferenças regionais dificultam a implementação de políticas públicas.
O coordenador do Programa de Direito à Educação no Brasil da organização de combate à pobreza ActionAid, Avanildo Duque, aponta que parte das dificuldades se deve às desigualdades sociais. ;A falta de investimentos na redução do analfabetismo atinge mais drasticamente as áreas onde a pobreza é mais grave: em regiões rurais e nas periferias de centros urbanos no Norte e no Nordeste;, explica. Ele lembra ainda que quantidade de jovens e adultos que não completam os ensinos Fundamental e Médio é grande. ;A evasão é muito alta, porque o currículo já não é atraente e essas pessoas acabam decidindo ir trabalhar para suprir suas necessidades econômicas;, completa.
Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), José Francisco Soares, o país conquistou avanços significativos nas últimas décadas e há uma diferença de metodologia que prejudica esse tipo de comparação. ;A palavra meta sugere um indicador. O pacto de Dakar, que é um acordo internacional, não tinha indicadores sociais. Nós nos comprometemos a melhorar a educação no Brasil e melhoramos. A única meta que tinha um indicador era a meta de analfabetismo que nós estávamos em um patamar alto, portanto é dificil reduzir mais de 50% e nós só não reduzimos naquela faixa de pessoas mais idosas;, afirmou.
Cenário global
De acordo com a Unesco, a população mais pobre tem cinco vezes menos chances de completar o ciclo de educação primária em comparação com os mais ricos e mais de um terço das crianças fora da escola estão em zonas afetadas por conflito. O relatório destaca,contudo, que programas de alimentação e de transferência de renda têm tido impacto positivo nas matrículas de crianças carentes.
Em relação igualdade de gêneros, quase dois terços da população de adultos analfabetos continuam a ser mulheres. Além disso, metade das mulheres da África Subsaariana não tem habilidades básicas de leitura. A Unesco recomenda que a formação de professores devem incluir estratégias focadas nessa questão e que os estilos de ensino devem refletir melhor as necessidades dos alunos e a diversidade dos contextos em sala de aula.
Para o representante da Unesco no Brasil, Lucien Muñoz, a desigualdade social continua sendo o grande determinante para o acesso à educação. ;Se considera que há uma lacuna de financiamento de mais de US$ 22 bilhões na educação. Preencher essa lacuna significa que o volume de ajuda externa deveria ser multiplicada por quatro;, afirmou.
Confira as metas e os resultados alcançados pelos países
Meta 1: expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis
Resultados: 47% dos países alcançaram o objetivo e outros 8% quase conseguiram. No entanto, 20% ficaram longe desse objetivo, ainda que, em 2012, quase dois terços a mais de crianças, em relação a 1999, tenham sido matriculadas na educação infantil.
Meta 2: alcançar a educação primária universal, particularmente para meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas
Resultados: este objetivo foi alcançado por 52% dos países; 10% quase conseguiram e os 38% restantes estão longe ou muito longe de alcançá-lo. Isso deixa quase 100 milhões de crianças sem concluir a educação primária em 2015
Meta 3: garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e a habilidades para a vida
Resultados: 46% dos países alcançaram acesso universal às séries iniciais de educação secundária. Um terço dos adolescentes em países de baixa renda, contudo, não completarão as séries iniciais de educação secundária em 2015.
Meta 4: alcançar uma redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015
Resultados: apenas 25% dos países alcançaram esse objetivo; 32% continuam muito longe disso. Mundialmente, a porcentagem de adultos analfabetos caiu de 18%, em 2000, para 14%, em 2015, porém, esse progresso é quase completamente atribuído a jovens educados que alcançaram a maioridade.
Meta 5: atingir a paridade e a igualdade de gênero
Resultados: na educação primária, o objetivo será alcançado em 69% dos países até 2015. No nível secundário, somente 48% dos países atingirão esse objetivo. Casamento infantil e gravidez precoce são os principais entrevas, além do déficit na formação de professores em abordagens sensíveis às questões de gênero.
Meta 6: melhorar a qualidade de educação e garantir resultados mensuráveis de aprendizagem para todos
Resultados: o número de alunos por professor diminuiu em 121 dos 146 países, entre 1990 e 2012, no nível primário, mas ainda são necessários mais 4 milhões de professores para obter todas as crianças na escola. Por outro lado, a qualidade de educação tem recebido atenção especial desde 2000 e o número de países que realizam avaliações nacionais de aprendizagem dobrou
Nos últimos 15 anos, o Brasil foi bem-sucedido em universalizar o acesso à educação primária (1; ao 5 ano do ensino fundamental) e na melhoria da igualdade de gênero. Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e melhorar a qualidade da educação continuam a ser desafios para o país. O Brasil também não conseguiu reduzir em 50% o anafalfabetismo de adultos entre 2000 e 2015.
;O Brasil tem um desafio grande de universalizar a alfabetização de adultos, que é uma das metas, e a questão da qualidade da educação, que é a gente melhorar a formação dos professores, incluindo novas tecnologias de comunicação e informação, melhorar a estrutura, ampliar a matrícula na educaçaõ pré-primária;, afirma Rebeca Botero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil. Ela reconhece, contudo, avanços em diversos aspectos e lembra que a dimensão continental do país e diferenças regionais dificultam a implementação de políticas públicas.
O coordenador do Programa de Direito à Educação no Brasil da organização de combate à pobreza ActionAid, Avanildo Duque, aponta que parte das dificuldades se deve às desigualdades sociais. ;A falta de investimentos na redução do analfabetismo atinge mais drasticamente as áreas onde a pobreza é mais grave: em regiões rurais e nas periferias de centros urbanos no Norte e no Nordeste;, explica. Ele lembra ainda que quantidade de jovens e adultos que não completam os ensinos Fundamental e Médio é grande. ;A evasão é muito alta, porque o currículo já não é atraente e essas pessoas acabam decidindo ir trabalhar para suprir suas necessidades econômicas;, completa.
Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), José Francisco Soares, o país conquistou avanços significativos nas últimas décadas e há uma diferença de metodologia que prejudica esse tipo de comparação. ;A palavra meta sugere um indicador. O pacto de Dakar, que é um acordo internacional, não tinha indicadores sociais. Nós nos comprometemos a melhorar a educação no Brasil e melhoramos. A única meta que tinha um indicador era a meta de analfabetismo que nós estávamos em um patamar alto, portanto é dificil reduzir mais de 50% e nós só não reduzimos naquela faixa de pessoas mais idosas;, afirmou.
Cenário global
De acordo com a Unesco, a população mais pobre tem cinco vezes menos chances de completar o ciclo de educação primária em comparação com os mais ricos e mais de um terço das crianças fora da escola estão em zonas afetadas por conflito. O relatório destaca,contudo, que programas de alimentação e de transferência de renda têm tido impacto positivo nas matrículas de crianças carentes.
Em relação igualdade de gêneros, quase dois terços da população de adultos analfabetos continuam a ser mulheres. Além disso, metade das mulheres da África Subsaariana não tem habilidades básicas de leitura. A Unesco recomenda que a formação de professores devem incluir estratégias focadas nessa questão e que os estilos de ensino devem refletir melhor as necessidades dos alunos e a diversidade dos contextos em sala de aula.
Para o representante da Unesco no Brasil, Lucien Muñoz, a desigualdade social continua sendo o grande determinante para o acesso à educação. ;Se considera que há uma lacuna de financiamento de mais de US$ 22 bilhões na educação. Preencher essa lacuna significa que o volume de ajuda externa deveria ser multiplicada por quatro;, afirmou.
Confira as metas e os resultados alcançados pelos países
Meta 1: expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis
Resultados: 47% dos países alcançaram o objetivo e outros 8% quase conseguiram. No entanto, 20% ficaram longe desse objetivo, ainda que, em 2012, quase dois terços a mais de crianças, em relação a 1999, tenham sido matriculadas na educação infantil.
Meta 2: alcançar a educação primária universal, particularmente para meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas
Resultados: este objetivo foi alcançado por 52% dos países; 10% quase conseguiram e os 38% restantes estão longe ou muito longe de alcançá-lo. Isso deixa quase 100 milhões de crianças sem concluir a educação primária em 2015
Meta 3: garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e a habilidades para a vida
Resultados: 46% dos países alcançaram acesso universal às séries iniciais de educação secundária. Um terço dos adolescentes em países de baixa renda, contudo, não completarão as séries iniciais de educação secundária em 2015.
Meta 4: alcançar uma redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015
Resultados: apenas 25% dos países alcançaram esse objetivo; 32% continuam muito longe disso. Mundialmente, a porcentagem de adultos analfabetos caiu de 18%, em 2000, para 14%, em 2015, porém, esse progresso é quase completamente atribuído a jovens educados que alcançaram a maioridade.
Meta 5: atingir a paridade e a igualdade de gênero
Resultados: na educação primária, o objetivo será alcançado em 69% dos países até 2015. No nível secundário, somente 48% dos países atingirão esse objetivo. Casamento infantil e gravidez precoce são os principais entrevas, além do déficit na formação de professores em abordagens sensíveis às questões de gênero.
Meta 6: melhorar a qualidade de educação e garantir resultados mensuráveis de aprendizagem para todos
Resultados: o número de alunos por professor diminuiu em 121 dos 146 países, entre 1990 e 2012, no nível primário, mas ainda são necessários mais 4 milhões de professores para obter todas as crianças na escola. Por outro lado, a qualidade de educação tem recebido atenção especial desde 2000 e o número de países que realizam avaliações nacionais de aprendizagem dobrou