O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) divulgou uma série de vídeos sobre o preconceito sofrido por pessoas que se declaram ex-gays. Com o título "Eles existem", nove gravações foram publicadas no perfil do parlamentar no Facebook ao longo do último mês. Ex-gays contam como descobriram a homossexualidade e destacam que foram curados após a conversão religiosa. Feliciano quer chamar atenção para o duplo preconceito, segundo ele, vivenciado por essas pessoas.
"Viajei por muitos lugares na Europa, me casei, mas nunca encontrei a felicidade naquela vida. Então me entreguei aos caminhos de Cristo, abandonei a homossexualidade e hoje sou um servo do senhor", diz Tiago Oliveira, que se identifica como ex-travesti. Antes eu sofria preconceito por ser homossexual e travesti, hoje, eu sofro preconceito de duas partes. Pela sociedade, que muitos não acreditam que eu possa ter mudado e pelo grupo do LGBT", completou. A maior parte dos que se dizem ex-gays, afirmam que foram abusados sexualmente na infância, segundo os vídeos.
Confronto na Câmara
A batalha na Câmara dos Deputados entre a bancada religiosa e os que militam pelos direitos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) anda cada vez mais acirrada. E pelo menos no início desta legislatura, os deputados contrários à causa gay estão levando vantagem, até mesmo porque contam com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), evangélico e autor do projeto de lei que pretende implantar no Brasil o dia do orgulho heterossexual, uma contraposição ao dia nacional do orgulho gay, celebrado em 28 de junho. Além disso, houve uma redução significativa na Câmara das bancadas de esquerda e centro e um aumento recorde do número de parlamentares ligados a denominações religiosas mais conservadoras.
Eles conseguiram aprovar uma convocação para ouvir depoimento de ex-homossexuais, uma tentativa de reativar a discussão sobre a ;cura gay;, e impedir , pelo menos por enquanto, a 12; edição do Seminário Nacional LGBT no Congresso. E prometem ainda deter o que eles chamam de privilégios concedidos à população LGBT. Cientes da força dessa bancada que cresce a cada eleição, os deputados ligados à causa gay se armam para evitar retrocessos e montam um movimento de resistência para impedir perda de conquistas.
Com informações de Alessandra Mello.