"Cometi muitos crimes, mas não esse", defendeu-se Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, acusado de participar da morte do também traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e de outros três presos, durante rebelião no presídio Bangu 1, em 2002. Beira-Mar foi interrogado nesta quarta-feira (13/5), no Rio de Janeiro, na primeira sessão de seu julgamento. Além dele, o juiz Fábio Uchôa ouviu a testemunha de defesa, o detento Celso Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho do Vila Vintém.
Em depoimento, Beira-Mar disse ser inocente e negou ser líder da facção criminosa Comando Vermelho (CV), e que só ficou conhecido dessa maneira após a rebelião no Bangu 1. ;Quem é do CV sabe que eu não sou o líder;, afirma.
Segundo Celsinho da Vila Vintém, Beira-Mar não estava armado durante o ocorrido em 2002. ;Ele estava segurando um rádio ou um celular;, declarou. A testemunha, que diz não ser amigo do réu, relatou, ainda, que, dentro da prisão, Beira-Mar não era visto como um líder, mas não saberia apontar quem ocupava a posição.
Histórico
Fernandinho Beira-Mar tem, só no Rio de Janeiro, sem contar com a sessão desta quarta, nove condenações em execução, que somam um total de 133 anos e 6 meses de prisão. Há, no entanto, outros processos em andamento, inclusive na Justiça Federal, por lavagem de dinheiro, contrabando e associação para o tráfico internacional de drogas.
Preso atualmente no presídio federal de Porto Velho, Rondônia, ele acumula ainda condenações em outros estados, como no Paraná, com 29 anos e 8 meses, no Mato Grosso, com 15 anos, e em Minas Gerais, 11 anos. Ao todo, a pena chegaria a 189 anos e 2 meses.