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Mãe de suspeito de matar médico no Rio nega ter abandonado o filho

Para ela, pesam dúvidas sobre a participação do adolescente na morte do ciclista. Jane conta que o jovem estava com amigos no dia do ocorrido, em um tradicional ponto de skate da favela, apesar de relatos de testemunha, segundo a polícia, ligarem o jovem ao crime

Corpo franzino, voz rouca e mãos calejadas. Aos 55 anos, a catadora de latas, papelão e garrafas plásticas Jane Maria da Silva, semianalfabeta, criou sozinha três filhos que têm hoje 25 anos, 23 e 16. Na última semana, viu o caçula estampado nas capas de jornais como suspeito da morte do médico e ciclista Jaime Gold, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, lamenta que sua criação e seu trabalho em defesa de políticas públicas na comunidade onde mora, Manguinhos, na zona norte, por mais de dez anos, não tenham impedido as nove anotações criminais em nome do filho. ;Não são 15;, ressalta, ao rebater o número divulgado na última semana pela polícia.



A atuação de Jane na favela é conhecida desde 2007. Na época, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previa a desapropriação de casas, entre as quais, o barraco de madeira onde morava. A partir daí, ela integrou associação de moradores, organização em defesa da mulher, da saúde até a formação do Fórum de Manguinhos, que luta contra a violência policial.

Nesse sábado, ao falar do filho, Jane recebeu apoio de Ana Paula Gomes de Oliveira, mãe de Johnata, morto em maio de 2014, com um tiro nas costas por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, de Deyse Carvalho, mãe de Andreu Luis da Silva de Carvalho, morto aos 17 anos, sob tortura, quando cumpria pena no sistema socioeducativo, em 2008, no Rio, e por Débora Maria Silva, coordenadora do Movimento Mães de Maio, de São Paulo.